Um grupo de mulheres negras da Jamaica, Brasil e EUA, que lutam por justiça em seus respectivos países depois que familiares foram mortos pela polícia, e uma delegação da Anistia Internacional estão na Jamaica para uma agenda de mobilização entre os dias 13 e 15 de março.

.

Participam das atividades Ana Paula Oliveira, moradora de Manguinhos, que, em maio de 2014, teve seu filho Johnatan, de 19 anos, morto com um tiro nas costas disparado pela polícia; Katrina Johson, prima de Charleena Lyles, 30 anos, morta por policiais em seu apartamento em Seattle, nos EUA, em frente à sua filha pequena logo após acionar a polícia para denunciar um roubo; e Shackelia Jackson, irmã de Nakiea Jackson, morto pela polícia em seu restaurante em Kingston enquanto estes buscavam um “jovem rastafári” suspeito. Todas as vítimas eram negras. Também integram a delegação Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, e Juliana Cano Neto, vice diretora de campanhas da Anistia Internacional para a região das Américas.

.

A visita coincide com o Dia Internacional pelo Fim da Brutalidade Policial (15 de março), quando a delegação entregará 64.331 cartas e assinaturas recolhidas na petição global da campanha Escreva por Direitos. Desde dezembro de 2017, a campanha da Anistia Internacional reuniu mais de meio milhão de ações em todo o mundo pedindo ao governo jamaicano que dê fim à impunidade dos homicídios cometidos pela polícia.

.

Shakelia Jackson lendo algumas das cartas da campanha Escreva por Direitos 2017 que recebeu em solidariedade por sua luta na Jamaica /Anistia Internacional 

A petição também inclui milhares de mensagens de solidariedade para Shackelia Jackson, defensora dos direitos humanos da Jamaica. O irmão de 29 anos de Shackelia, Nakiea Jackson, foi morto pela polícia em seu restaurante na Orange Street, centro de Kingston, em 20 de janeiro de 2014.

.

.

Debate

Nesta terça-feira, 13 de março, a partir das 19h30 (horário de Brasília), o grupo de mulheres da Jamaica, do Brasil e dos EUA participará de uma conversa pública “Uma jornada por justiça nas Américas”, na Universidade das Índias Ocidentais. O debate será transmitido ao vivo na página da Anistia Internacional Caribe com mediação de Karen Lloyd, diretora de advocacy da organização Jamaicans for Justice. Assista aqui!

.

Na quinta-feira, 15 de março, a delegação entregará as assinaturas da petição ao gabinete do primeiro-ministro jamaicano. Uma manifestação pública de solidariedade organizada com o apoio de famílias jamaicanas que tiveram familiares mortos pela polícia também marca o Dia Internacional pelo Fim da Brutalidade Policial no país.

.

Contexto

Lar de apenas 13% da população mundial, as Américas concentram o maior número de homicídios em todo o mundo: 36% de todos os assassinatos intencionais ocorreram na região.

.

Embora esses níveis de violência representem um desafio imenso para os líderes políticos, as abordagens policiais que foram promovidas não apresentaram uma resposta adequada e efetiva à situação da segurança pública. Pelo contrário, muitas vezes, a polícia estigmatiza ainda mais grupos e comunidades que já são vítimas de discriminação e marginalização.

.

Mas, existem mulheres corajosas que estão de pé, decididas e que querem justiça. São as mães, as irmãs ou as filhas desses jovens que foram mortos pela violência policial. Muitas vezes, um jovem negro. Na maioria das vezes, pobre. Nas favelas do Rio, nas ruas de Washington e Kingston, a Anistia Internacional acompanhou as famílias em sua luta pela justiça e para a transformação das forças policiais em estruturas modernas e eficientes, respeitadoras dos direitos humanos.

.

 .

Informação adicional

Em 2016, a Anistia Internacional divulgou o relatório Esperando em vão: execuções extrajudiciais cometidas pela polícia e a longa luta dos parentes por justiça. O documento detalha as táticas ilegais usadas pela polícia em toda a Jamaica para impedir que parentes das vítimas de homicídios obtenham justiça para as mortes de seus entes queridos.

.

No Brasil, a Anistia Internacional lançou em 2015 o relatório “Você matou meu filho!” – Homicídios cometidos pela Polícia Militar na cidade do Rio de Janeiro, denunciando o uso do registro de “homicídio decorrente de intervenção policial” por policiais militares como forma de encobrir a prática de execuções extrajudiciais. A campanha ‘Diga não à execução’ reuniu mais de 61 mil assinaturas exigindo o fim das execuções pela polícia, as assinaturas foram entregues ao Governo do Estado do Rio de Janeiro.

.

.

Em 2015, o relatório Força Mortal: O uso da força letal pela polícia nos Estados Unidos revelou que nenhum dos 50 estados dos Estados Unidos mais o Distrito de Columbia cumprem com as normas internacionais sobre o uso de força letal pela polícia.

.

Para obter mais informações sobre os eventos ou solicitar uma entrevista, entre em contato com:
Rodje Malcolm na Jamaica / +876 329 03 20 / [email protected]
Sergio Ortiz no México / +52 1 55 41 94 78 86 / [email protected]