A Wikipédia é o quinto site mais acessado em todo o mundo: são mais de 1,4 bilhões de visitas todo mês. Em português, são quase 1 milhão de artigos, sobre os mais variados assuntos, pessoas, marcos históricos. Porém, por mais que existam tantos artigos, uma lacuna gritante precisa ser preenchida: a de mulheres defensoras de direitos humanos.

.

Para se ter uma breve ideia, apenas 20% das biografias presentes no site são dedicadas a mulheres. Se esse número é baixo, os artigos biográficos destinados à mulheres defensoras de direitos humanos são menores ainda. Destacar o trabalho dessas mulheres foi a missão assumida no Edit-A-Thon: Mulheres Defensoras que aconteceu em maio. A Anistia Internacional se juntou à Wikipédia e, durante dois dias, pessoas em mais 20 países estiveram online criando artigos sobre mulheres defensoras de direitos humanos, traduzindo artigos já existente para outros idiomas e editando aqueles que necessitavam de atualizações e mais informações.

.

No Brasil, foram 11 novos artigos criados, outros dois traduzidos para o português mais de 20 artigos editados. Mais de 150 usuários, em sua grande maioria mulheres, participaram de maneira virtual ou presencial da atividade e, além de editarem, deixaram o nome dessas outras corajosas mulheres registrados na maior enciclopédia colaborativa do mundo.

.

Entre as pessoas que participaram do Edit-A-Thon: Mulheres Defensoras está a jornalista Mônica Bulgari. Para ela, a Wikipédia é o local de informação mais acessível que se tem na internet, e, por isso, colocar essas mulheres nesse espaço gera visibilidade e notoriedade. “Quando você traz essas pessoas e a história delas para uma plataforma democrática como a Wikipédia, você tira ela do nicho quem trabalha ou é ativista de direitos humanos e eleva para todo mundo”, afirma a jornalista.

.

Alessandra Ramos é uma das mulheres que agora contam um artigo no site. Sua luta contra a discriminação LGBTQ e toda a sua trajetória enquanto ativista e defensora de direitos humanos e de questões relacionadas a transgêneros, lésbicas e gays agora estão registradas: uma simples procura por seu nome em sites de busca e lá está. Alessandra afirma que a ação é uma maneira de reconhecer o trabalho de tantas mulheres que, muitas vezes, sofrem preconceitos ou são invisibilizadas justamente pela luta que travam contra a desigualdade de gênero.

.

“Nós, mulheres, ainda estamos numa situação especial de vulnerabilidade, e lembrar que existem mulheres trans e que elas merecem esse lugar como defensoras também é essencial para o avanço da luta de pessoas trans”, afirma Alessandra.

.

A ação fez parte da Coragem (Brave), uma campanha global da Anistia Internacional que chama atenção para a grave situação desses defensores e defensoras de direitos humanos no mundo.

.

Saiba mais

Cinco ativistas LGBTI para celebrar no Dia Internacional contra a LGBTfobia

Editaço global na Wikipedia destaca mulheres defensoras de direitos humanos no mundo

Artigo de Alessandra Ramos na Wikipédia