A permanência de seis defensores e defensoras dos direitos humanos em custódia pré-julgamento é uma terrível afronta à justiça e marca um novo patamar na repressão pós-golpe da Turquia, declara a Anistia Internacional.

A diretora da Anistia Internacional no país, Idil Eser, que estava entre os prisioneiros sob custódia, foi detida junto com nove outros defensores de direitos humanos no dia 5 de julho, enquanto participava de um workshop de rotina. Quatro deles foram liberados sob fiança nas primeiras horas desta manhã, dia 18, mas ainda estão sob investigação. Todos os dez são suspeitos de “cometer crime em nome de uma organização terrorista sem ser um membro”. Os seis que permanecem detidos sob custódia se juntam ao Presidente do Conselho da Anistia Internacional na Turquia, Taner Kiliç, atrás das grades.

“Os promotores turcos tiveram 12 dias para estabelecer o óbvio: que esses dez ativistas são inocentes. A decisão de seguir adiante mostra que a verdade e a justiça não são reconhecidas na Turquia “, comenta o secretário-geral da Anistia Internacional, Salil Shetty. “Esta não é uma investigação legítima, é uma caça às bruxas com motivação política que representa um futuro assustador para os direitos na Turquia”, completa.

As acusações bizarras incluem tentativas de vincular Idil Eser com três organizações terroristas diferentes por meio de seu trabalho para a Anistia Internacional. O pedido do promotor de que ela seja mantida na prisão preventiva remete a duas campanhas da Anistia Internacional, nenhuma das quais foi idealizada pela Anistia Internacional Turquia. Uma delas foi realizada antes de Idil sequer estar na organização.

Uma acusação contra İlknur Üstün, da Women’s Coalition, que foi liberada sob fiança, a culpa por pedir financiamento a “uma embaixada” para apoiar projeto sobre “igualdade de gênero, participação na elaboração de políticas e relatórios”.

“Hoje, aprendemos que defender os direitos humanos tornou-se um crime na Turquia. Este é um momento de verdade para a Turquia e para a comunidade internacional “, analisa Salil Shetty.

“Líderes em todo o mundo devem parar de silenciar e agir como se os negócios pudessem continuar como sempre. Eles devem pressionar as autoridades turcas para que abandonem a investigação e liberem imediata e incondicionalmente os defensores de direitos “.

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Contexto:

Os seis defensores de direitos humanos detidos foram İdil Eser (Anistia Internacional), Günal Kurşun (Human Rights Agenda Association), Özlem Dalkıran (Citizens’ Assembly), Veli Acu (Human Rights Agenda Association), Ali Gharavi (consultor sobre estratégia de Tecnologia da Informação) e Peter Steudtner (non-violence and wellbeing trainer).

Os quatro defensores que saíram da prisão e pagaram a fiança são Nalan Erkem (Citizens Assembly), İlknur Üstün (Women’s Coalition), Nejat Taştan (Equal Rights Watch Association) e Şeyhmus Özbekli (Rights Initiative).

Taner Kilic foi detido no dia 6 de junho. Três dias depois foi acusado de ser “membro da organização terrorista Fethullah Gülen” e detido em prisão preventiva apesar da falta de provas/evidencias apresentadas contra ele. Taner Kilic foi membro do Conselho da Anistia Internacional na Turquia durante vários períodos desde 2002 e é o Presidente desde 2014. No seu período de trabalho para organizações de direitos humanos na Turquia tem demonstrado um forte compromisso com os direitos humanos.

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