A decisão do Ministério Público turco por cobrar Taner Kılıç, o presidente do Conselho da Anistia Internacional na Turquia, como membro de “uma organização terrorista” é uma injustiça sem tamanho e destaca o impacto devastador da repressão das autoridades turcas após a fracassada tentativa de golpe em julho do ano passado, disse ontem, 12 de junho, a Anistia Internacional.

Taner Kılıç tornou-se a mais recente vítima da violência do governo turco depois que foi detido na madrugada de terça-feira por suspeita de envolvimento com o movimento de Fethullah Gülen, juntamente com outros 22 advogados com sede em Izmir. Em sua audiência de ontem, foi cobrado de Taner a suposta participação na “organização terrorista de Fethullah Gülen” e ele foi detido em prisão preventiva. A Anistia Internacional está exigindo sua libertação imediata e incondicional.

“Taner Kılıç é um defensor de princípios e apaixonado pelos direitos humanos. As acusações contra ele que foram trazidas hoje são completamente sem mérito. Elas mostram o quão arbitrária se tornou a busca frenética do governo turco por varrer seus inimigos e pessoas críticas à sua administração. Ele deve ser solto e as acusações contra ele imediatamente retiradas”, disse Salil Shetty, secretário-geral da Anistia Internacional.

“A prisão de Taner destaca não apenas um desrespeito aos direitos humanos, mas um desejo de atingir aqueles que os defendem. Estamos chamando todos aqueles na Turquia e em todo o mundo que se preocupam com os Direitos Humanos a se mobilizarem por um militante corajoso que dedicou sua vida e, agora, sua liberdade pela sua causa.”

Até este domingo, dia 11, oito advogados estavam detido em prisão preventiva. Um foi libertado sob fiança. Os outros sete advogados foram levados para o tribunal, ao mesmo tempo em que Taner Kilic, mas ainda aguardam uma decisão sobre seus casos. Seis deles permanecem sob custódia da polícia.

A única alegação apresentada pelas autoridades supostamente ligando Taner Kılıç ao movimento Gülen é o Bylock, um aplicativo de envio seguro de mensagens móveis que as autoridades dizem ter sido usado por membros da “organização terrorista Fethullahist” e que foi descoberto ter sido usado em seu telefone em agosto de 2014.

Nenhuma evidência foi apresentada que comprove esta alegação e Taner Kiliç nega ter baixado e usado o Bylock, ou sequer ter ouvido falar dele antes do aplicativo ter sido amplamente divulgado em conexão com detenções e processos judiciais recentes.

“Taner Kılıç não é um apoiador e muito menos um seguidor do movimento de Fethullah Gülen. Ele tem sido, na verdade, um crítico do papel da organização na Turquia. A única prova apresentada contra ele é a suposta presença em seu telefone de uma plataforma de comunicações seguras que não iria, mesmo que fosse verdade, ser uma evidência de um ato criminoso. Ele não deve ser julgado com base em tais acusações frágeis e inadequadas”, disse Salil Shetty.

“A Anistia Internacional fará campanha incansavelmente pela libertação de Taner, e continuará seu trabalho incansável na Turquia.”

A polícia de Izmir foi à casa de Taner Kilic, que serviu como o espaço do conselho da Anistia Internacional Turquia por vários períodos desde 2002, na terça-feira de manhã, dia 6 de junho. A ordem de prisão foi emitida contra ele junto com outros 22 advogados, referindo-se a uma investigação sobre supostos membros da ‘organização terrorista de Fethullah Gülen”.

A prisão de Taner Kılıç atraiu ampla condenação internacional, inclusive do Departamento de Estado dos Estados Unidos, da União Européia, do Comissário de Direitos Humanos da Alemanha e do Ministro de Negócios Estrangeiros da Dinamarca, além de organizações nacionais e internacionais de direitos humanos.

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Contexto

detenção de Taner Kılıç acontece no cenário de uma crescente repressão sobre os direitos humanos pelas autoridades turcas, após uma fracassada tentativa de golpe em 15 de julho de 2016. Dezenas de milhares de funcionários públicos foram demitidos e centenas de jornalistas profissionais de mídia foram detidos. Também, centenas de veículos de comunicação e ONGs foram fechadas.

O governo turco põe a culpa da tentativa de golpe à Fethullah Gülen, um clérigo que mora EUA, e desde então designada seu movimento como uma organização terrorista. Isso abriu caminho para milhares de pessoas sem envolvimento na tentativa de golpe serem detidas arbitrariamente.

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Entre em ação!

AÇÃO URGENTE: retire as acusações contra o presidente do Conselho da Anistia Internacional Turquia e liberte-o imediatamente!