Hoje, 10 de junho de 2020, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro cumpriu uma série de mandados de busca e apreensão decorrentes das investigações sobre o brutal assassinato da defensora de direitos humanos Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. A operação culminou com a prisão do bombeiro Maxwell Simões Corrêa, acusado de ter ocultado as armas utilizadas no assassinato e de ser o braço direito de Ronnie Lessa, quem efetuou os disparos. A prisão de Maxwell Simões é um importante passo em direção à elucidação desse crime e esperamos que ajude a responder às principais perguntas ainda sem respostas: Quem mandou matar Marielle, e por quê?

Marielle Franco foi assassinada em uma emboscada preparada minuciosamente durante meses. As investigações da polícia civil e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro conseguiram identificar dois suspeitos de terem executado a ação criminosa, Elcio de Queiroz e Ronnie Lessa, que atualmente respondem presos a um processo criminal. Também se descobriu que outras pessoas participaram da ação indiretamente, ocultando armamentos e obstruindo as investigações.

A Anistia Internacional atua no caso desde o primeiro dia. Durante os meses que se seguiram, realizamos ações de campanha todo dia 14, pressionando as autoridades e mobilizando pessoas em torno da defesa dos direitos humanos. Realizamos uma série de reuniões com as autoridades sobre o caso, inclusive com o Governador Wilson Witzel e o Procurador-Geral de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro, José Eduardo Gussem, onde também estiveram presentes familiares da vereadora assassinada. No aniversário de 1 ano do assassinato, entregamos às autoridades um manifesto com 780 mil assinaturas exigindo a solução do caso, resultado de mobilização nacional e internacional. Devido à grande visibilidade e pressão pública, nacional e internacional, que a Anistia Internacional imprimiu ao caso, acreditamos ter colaborado para garantir o andamento das investigações.

A prisão dos executores e pessoas ligadas a eles é um passo importante para o direito à verdade e à justiça das famílias de Marielle e Anderson, mas não resolve o caso, nem garante maior segurança aos demais defensores e defensoras de direitos humanos em atuação no Brasil. O país é um dos mais perigosos e com mais assassinatos para defensores e defensora de direitos humanos no mundo. Assim como Marielle Franco, defensores e defensoras de direitos humanos são pessoas que lutam por um mundo mais justo, onde a vida e a liberdade sejam protegidas, e estes são direitos humanos que precisam ser respeitados. Além disso, todos os envolvidos nas investigações devem ser mantidos em segurança, principalmente as famílias das vítimas, mas também testemunhas e investigadores/as. Por isso, é extremamente importante descobrir quem são os autores intelectuais e quais as suas motivações para o crime.

Cada dia que o caso continua na impunidade representa uma ameaça ao legado de Marielle e coloca em risco o trabalho e a vida de inúmeros outros defensores e defensoras dos direitos humanos no Brasil.

Queremos renovar nossa cobrança pública pela elucidação do crime e apresentação à justiça de todos os responsáveis pelos assassinatos de Marielle e Anderson, e exigir que este caso receba a mais alta prioridade das autoridades competentes. A resolução deste crime brutal é de particular relevância e de interesse da sociedade brasileira e da comunidade internacional. Nós, da Anistia Internacional, seguiremos insistindo que haja uma investigação transparente, independente e imparcial que responda às perguntas: quem mandou matar Marielle, e por quê? E que todos os responsáveis por este crime, tanto os autores materiais, como intelectuais, sejam levados à justiça em um julgamento justo, segundo os parâmetros internacionais. E, embora a celeridade esteja comprometida, pois já se passaram mais de 2 anos do crime, é de importância capital que o governo e autoridades se comprometam publicamente em empenhar todos os esforços ao seu alcance para resolver o caso.

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