Uma nova investigação conjunta da Access Now e do Citizen Lab identificou o uso em larga escala do Spyware Pegasus da empresa de tecnologia NSO Group contra jornalistas e membros de organizações da sociedade civil em El Salvador. Especialistas técnicos do Laboratório de Segurança da Anistia Internacional revisaram o relatório e verificaram diversas evidências forenses que mostram que o Pegasus foi utilizado para espionagem no país.
“O uso do Pegasus para a vigilância das comunicações em El Salvador revela uma nova ameaça aos direitos humanos no país. As autoridades devem interromper qualquer esforço para restringir a liberdade de expressão e conduzir uma investigação completa e imparcial para identificar os responsáveis”, disse Erika Guevara-Rosas, diretora das Américas da Anistia Internacional.
“É inaceitável que denúncias de assédio e ameaças contra jornalistas e defensores de direitos humanos, que trabalham em um ambiente hostil e correm sérios riscos, sejam cada vez mais comuns em El Salvador. A comunidade internacional deve apoiar os defensores dos direitos humanos e os jornalistas em sua demanda pelo respeito aos direitos humanos” afirma Guevara-Rosas.
Desde que o presidente Nayib Bukele assumiu o cargo em 2019, a situação dos direitos humanos no país se deteriorou rapidamente. A liberdade de expressão tem sido um dos direitos que enfrenta mais obstáculos, com funcionários do Estado expressando repetidamente publicamente sua recusa em aceitar a dissidência e buscando desacreditar aqueles que expõem práticas das autoridades que violam ou ameaçam os direitos humanos.
“O uso do Pegasus para a vigilância das comunicações em El Salvador revela uma nova ameaça aos direitos humanos no país. As autoridades devem interromper qualquer esforço para restringir a liberdade de expressão e conduzir uma investigação completa e imparcial para identificar os responsáveis” – Erika Guevara-Rosas, diretora das Américas da Anistia Internacional
As autoridades devem interromper qualquer esforço para restringir a liberdade de expressão e conduzir uma investigação completa e imparcial para identificar os responsáveis Erika Guevara-Rosas, diretora das Américas da Anistia Internacional. Neste contexto, em novembro de 2021, foi tornado público que vários jornalistas e membros de organizações da sociedade civil receberam um alerta da Apple avisando-os de que possivelmente estavam a ser alvo de vigilância direcionada por “atacantes patrocinados pelo Estado”.
O Laboratório de Segurança da Anistia Internacional fez uma análise independente de dados técnicos de uma lista de indivíduos identificados como alvos da Pegasus na investigação conjunta do Access Now e do Citizen Lab. Esta amostra incluiu vários jornalistas de dois meios de comunicação. A análise forense confirmou que cada dispositivo foi infectado com sucesso com o spyware Pegasus do NSO Group. A evidência mais antiga de comprometimento dos dispositivos de amostra foi por volta de 30 de julho de 2020. Os sinais de comprometimento ou tentativa de direcionamento continuam até 15 de novembro de 2021.
“Esta investigação mostra que, mais uma vez, o spyware Pegasus continua a ser abusado no mundo para vigiar ilegalmente jornalistas em grande escala, mesmo após as revelações inovadoras do Projeto Pegasus”, disse Erika Guevara-Rosas.