Entre a pandemia da fome e do racismo que evidenciam a crise dos direitos humanos, a urgência climática surge no debate como mais um elemento de deterioração da vida em sociedade. Como podemos encontrar e ecoar soluções para o agora?

Para atender essas urgências, a Anistia Internacional Brasil lança o projeto
Vozes Negras pelo Clima. O objetivo principal é potencializar ideias e estratégias que ajudem a diminuir os impactos dessas mudanças, a partir da escuta ativa, mas também do poder da fala, potencializando ideias e estratégias que ajudem a gerar menos impactos com essas mudanças. Para ecoarem juntos, uma rede que reúne lideranças das mais variadas organizações e territórios; mulheres negras; LGBTQIA+; periféricos e favelados, agentes de mudança que já atuam diariamente na resistência às consequências da emergência climática, no sentido de elaborarem, por meio da incidência política, as discussões sobre as alterações climáticas. O resultado? Possibilitar a criação de uma agenda contínua que influencie, mobilize e engaje pessoas, empresas e governos (nacional e subnacionais) na busca por melhores políticas públicas.

É inevitável: enquanto você lê esse texto, mudanças climáticas são vivenciadas em questão de segundos, ceifando milhares de vidas no Brasil e no Mundo, ameaçando diretamente os direitos humanos. Até porque, direitos ambientes também são direitos humanos! A evolução e rapidez como essas mudanças acontecem romperam barreiras, numa escala sem precedentes que envolve direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais das gerações de hoje e aquelas que esperamos ver no futuro. Nunca foi tão urgente pensar e agir pela sobrevivência da humanidade.

Conceitos como justiça climática – afirmado pela ONU na ocasião do Acordo de Paris (2015), que propõe responsabilização dos causadores de danos ao meio ambiente, levando em conta as desigualdades e vulnerabilidades; o racismo ambiental, que atravessa as relações em face do racismo estrutural, à medida que impossibilita direitos (à água potável, à vida, ao saneamento, à segurança pessoal e à saúde, por exemplo; além da justiça ambiental – que corresponde a um conjunto de ações que evitem consequências negativas de atividades econômicas e políticas entraram na roda e não vão mais sair das discussões. Tudo passa a impactar de maneira mais intensa e decisiva nas nossas vidas.

Mas de forma mais violenta, aqueles que já são invisibilizados historicamente, e que sem acesso a condições para de reversão desse quadro, são e serão ainda mais penalizados pelas desigualdades que os atingem desproporcionalmente, sob o desequilíbrio de políticas oficiais que injustamente reiteram recursos, poderes e privilégios.

Os maiores afetados pelas mudanças climáticas têm gênero, cor e endereço!

No Brasil, mulheres e pessoas negras tendem a ser as mais afetadas por eventos climáticos extremos à medida que representam a maioria das residentes de conglomerados subnormais e áreas de risco. E infelizmente, acabam como as principais vítimas atingidas pelas chuvas, enchentes e/ou deslizamentos. Por isso, é tão urgente que suas vozes e as suas experiências vividas estejam no centro do debate sobre Justiça Climática. Que a realidade de suas trajetórias possa ajudar a diminuir as assimetrias que se revelam a cada desastre e suas vozes sejam evidenciadas enquanto potência para a transformação social e política, de forma a influenciar as decisões que orientam a agenda climática no Brasil e no mundo.

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