Amanhã (28), as brasileiras Ana Paula de Oliveira e Maria da Penha Macena participarão do debate na 32º sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, onde relatarão suas experiências de violações de direitos humanos em nome da realização de megaeventos esportivos na cidade do Rio de Janeiro.

O filho de Ana Paula, Johnatha foi assassinado por policiais em 2014, às vésperas da Copa do Mundo, na comunidade de Manguinhos, zona norte do Rio de Janeiro. Já Maria da Penha representa as centenas de famílias removidas da Vila Autódromo para supostamente dar lugar a instalações dos Jogos Olímpicos 2016 na zona oeste da cidade. Ambas relatam indignação e falta de comprometimento do Estado em oferecer justiça e reparação pelas violações ocorridas. O julgamento dos acusados da morte de Johnatha segue em fase de instrução. Já Maria da Penha teve sua casa demolida e vive provisoriamente em uma residência contêiner oferecida pelo governo enquanto a Prefeitura constrói novas residências para as cerca de 25 famílias que resistiram às remoções forçadas.

Renata Neder, assessora de direitos humanos da Anistia Internacional no Brasil, acompanhará Ana Paula e Maria da Penha durante a passagem por Genebra. A organização tem se mobilizado para divulgar histórias como as delas e sensibilizar governos e população. “Direitos Humanos não são negociáveis. É inaceitável que megaeventos esportivos aconteçam às custas de violações de direitos humanos”, comenta Renata. “Esta agenda de eventos e reuniões em Genebra será um momento chave para expor ao mundo que megaeventos esportivos como Copa do Mundo e Olimpíadas tendem a resultar ou acentuar violações de direitos humanos nos países sede e, por isso, as autoridades e instituições esportivas devem adotar medidas preventivas e salvaguardas para a proteção de direitos”, conclui.

A Anistia Internacional lançou em junho o relatório “A violência não faz parte deste jogo: Riscos de violações de direitos humanos nas Olimpíadas Rio 2016”. A publicação revela como autoridades brasileiras e os organizadores dos jogos vêm colocando em prática as mesmas políticas de segurança pública que levaram a um aumento no número de homicídios e violações de direitos humanos pelas forças de segurança desde a Copa 2014. O relatório e a agenda em Genebra fazem parte de uma ampla campanha internacional de mobilização para pressionar os organizadores dos jogos e o governo brasileiro a adotarem medidas para prevenir novas violações de direitos humanos nas operações de segurança pública para a Rio 2016.

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