A Anistia Internacional recebeu a informação de que uma grande operação policial realizada esta manhã  (dia 04/04) na favela de Acari, zona norte do Rio de Janeiro, envolvendo a Polícia Federal e a Polícia Civil, deixou  5 mortos. Detalhes ainda precisam ser confirmados, mas a Anistia Internacional exige, desde já, que as circunstâncias das mortes resultantes desta operação policial sejam imediatamente investigadas de forma ampla, imparcial e independente.

Acari possui um histórico de violência policial descrito pela Anistia Internacional em agosto de 2015 no relatório “Você matou meu filho”, que documentou casos de execuções extrajudiciais praticados pela polícia na favela de Acari.

O relatório revelou que mortes originalmente descritas como resultante de “confrontos” durante operações policiais apresentavam fortes indícios de execuções extrajudiciais. Em alguns dos casos, isso significava que as vítimas não estavam armadas e não trocaram tiros com a polícia, ou que já estavam feridas ou rendidas quando foram mortas, contrariando a versão oficial declarada nos registros de ocorrência.

“É muito preocupante que o número de pessoas mortas em operações policiais no Rio de Janeiro  venha subindo significativamente desde 2013. Só no ano de 2015 foram cerca de 600 pessoas vítimas de homicídio decorrente de intervenção policial. A poucos meses dos Jogos Olímpicos, o Rio de Janeiro mostra que continua com uma política de segurança pública extremamente letal, especialmente em territórios de favelas e periferias”, afirma Atila Roque, Diretor Executivo da Anistia Internacional Brasil.

Desde o lançamento do relatório “Você matou meu filho”, a Anistia Internacional solicitou audiências com o governador do estado do Rio de Janeiro para encaminhar uma agenda positiva para enfrentar a alta letalidade durante as operações de segurança pública no Rio de Janeiro mas, até hoje, a entidade não foi recebida pelo gabinete. Em dezembro de 2015, foram entregues ao governador mais de 60 mil assinaturas da petição “Diga não à execução”, na qual a Anistia Internacional pedia a investigação dos casos trazidos no relatório e cobrava medidas específicas para a redução do número de homicídios decorrentes de intervenção policial no estado do Rio de Janeiro.