Os dois jornalistas da Al Jazeera Internacional que permaneciam detidos no Cairo foram ambos libertados esta quinta-feira (12), até que lhes seja pronunciada sentença no novo julgamento, que deve ocorrer ainda hoje, decretado pela instância de recurso à condenação anterior. A Anistia Internacional reitera que as acusações contra eles devem ser anuladas.

“A ideia de que Baher Mohamed e Mohamed Fahmy têm de recomeçar tudo de novo nesta farsa de processo judicial é inconcebível. A mensagem que sai do novo julgamento é de que não há justiça para os egípcios”, critica a vice-diretora da Anistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, Hassiba Hadj Sahroui.

Baher Mohamed e Mohamed Fahmy, ambos jornalistas da rede de notícias Al Jazeera, com sede em Doha, capital do Qatar, estavam presos há mais de um ano. As sentenças que lhes tinham sido pronunciadas foram anuladas em Tribunal de Recurso, que entendeu que o primeiro julgamento decorreu com falhas processuais.

“É fundamental que o contínuo calvário de Baher Mohamed e de Mohamed Fahmy não caia no esquecimento, sobretudo agora que outro jornalista da Al Jazeera [que esteve também preso no âmbito do mesmo processo], o australiano Peter Greste, já foi libertado. Tal como ele, Bhaer Mohamed e Mohamed Fahmy não são culpados de nada mais do que exercerem o seu trabalho de jornalistas. Não há nenhuma razão para que fiquem presos. As autoridades egípcias têm de pôr um fim imediato ao seu tormento, anulando as acusações deduzidas contra eles e libertando-os prontamente e de forma incondicional”, insta Hassiba Hadj Sahraoui.

Peter Greste foi libertado a 1 de fevereiro passado, tendo requerido deportação para a Austrália ao abrigo da legislação egípcia que admite a transferência de cidadãos estrangeiros para o país de origem e aí serem apresentados a julgamento ou cumprirem as sentenças a que foram condenados em casos classificados como “de elevado interesse do Estado”.

O primeiro julgamento, condenações e sentenças de prisão dadas aos três jornalistas da Al Jazeera geraram uma onda de críticas internacionais. Peter Greste, Baher Mohamed e Mohamed Fahmy (este último possui dupla cidadania, egípcia e canadiana) tinham sido condenados a sete anos de prisão por reportarem “notícias falsas” e alegado envolvimento com a Irmandade Muçulmana, movimento agora banido no Egito.

Aquelas sentenças foram anuladas pelo Tribunal de Recurso a 1 de janeiro passado, que encontrou falhas processuais graves no julgamento do caso na primeira instância. Foi então dada ordem para que se realizasse um novo julgamento.

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