A Anistia Internacional Brasil recebe com preocupação e manifesta sua indignação sobre o assassinato do trabalhador rural Fernando dos Santos Araújo, ocorrido na noite do dia 26 de janeiro, no Pará. Fernando era sobrevivente e uma das principais testemunhas do Massacre de Pau D’Arco, em que 10 pessoas foram assassinadas por policiais. Em maio deste ano, o massacre completará quatro anos.

Segundo informações de testemunhas, Fernando foi executado com um tiro na nuca em sua residência, na Fazenda Santa Lúcia, mesmo local onde ocorreu o massacre de 2017. O corpo de Fernando teria sido retirado da cena do crime por policiais, sem que a perícia de local tivesse sido realizada.

A Anistia Internacional Brasil exige que o governo do Estado do Pará inicie imediatamente, de maneira séria, imparcial e célere as investigações do homicídio de Fernando, por meio da instauração de inquérito policial, com o devido acompanhamento por parte do Ministério Público Estadual do Pará. É essencial que a preservação das provas seja realizada, inclusive com as perícias necessárias e oitiva das testemunhas, com segurança, para que seja possível identificar, processar e julgar os responsáveis pelo brutal assassinato de Fernando.

“É inaceitável que mais um trabalhador rural seja assassinado no Pará e que os responsáveis pelo Massacre de Pau D’Arco ainda não tenham sido julgados. É ultrajante que uma das testemunhas do Massacre, que já havia sofrido ameaças anteriormente, tenha sido assassinada de uma maneira tão covarde. É inaceitável também que após 4 anos não tenhamos garantida a responsabilização dos envolvidos no massacre. É responsabilidade do Governo do Estado e do Ministério Público do Pará apurar mais esse episódio de violência no campo. É preciso que haja justiça para todas as vítimas do massacre e para Fernando, que perdeu sua vida lutando pelo direito à terra”, pontua Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil.

Dezesseis policiais que participaram do massacre, ocorrido em 24 de maio de 2017, foram denunciados à Justiça e pronunciados, mas aguardam em liberdade o julgamento pelo Tribunal do Júri. Fernando já havia sido ameaçado anteriormente e tinha sido protegido pelo Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas do Pará (PROVITA/PA).

O assassinato de Fernando aconteceu logo após o advogado José Vargas Sobrinho Junior, que defendia as 10 famílias das vítimas do Massacre, ter passado 25 dias preso. Defensor de direitos humanos, José Vargas recebeu autorização para cumprir prisão domiciliar, no dia 25 de janeiro, véspera do assassinato de Fernando dos Santos Araújo.

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