As notícias da confirmação do envolvimento dos ex-policiais Élcio Queiroz e Ronnie Lessa e da efetiva participação do ex-bombeiro Maxwell Simões Correia, no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, romperam parcialmente, nesta segunda-feira (24), com o silêncio em que as instituições responsáveis por solucionar o caso encontravam-se há alguns anos. Há também indicação de outros envolvidos cujas identidades permanecem em sigilo. 

As informações divulgadas hoje pelo Ministério da Justiça indicam que a colaboração entre instituições federais, o Ministério Público do Rio de Janeiro, Polícia Federal e Polícia Federal Penal levaram à resposta sobre quem matou Marielle e Anderson, concluindo a primeira etapa das investigações. 

Contudo, identificar os executores era apenas a primeira tarefa que o caso suscitou, em março de 2018, quando o crime aconteceu. Em 2019, a Anistia Internacional Brasil listou mais de 20 perguntas, e a maioria delas, nesses 5 anos, não foram devidamente esclarecidas pelas autoridades. Duas das questões mais importantes são quem mandou matar Marielle Franco e Anderson Gomes e por quê? Depois de quase 2000 mil dias, os familiares das vítimas e a sociedade brasileira ainda não sabem.  

Às vésperas do aniversário de Marielle e passados poucos dias do aniversário de Anderson, consideramos que as respostas confirmadas hoje representam apenas o primeiro passo para resolução do crime.  É importante conhecermos a identidade dos executores, mas esta é ainda a primeira de muitas respostas que seguem em aberto. É inadmissível que as autoridades responsáveis pelas investigações, depois de tantos recursos investidos nesse processo, não tenham chegado a uma conclusão sobre os mandantes e sequer tenham levado os acusados pela execução do crime a júri popular.   

Em face deste longo período de inconsistências, reviravoltas processuais e morosidade, a Anistia Internacional segue exigindo que o Governo Luís Inácio Lula da Silva implemente, através de cooperação técnica internacional, um mecanismo internacional e independente de especialistas, para apoiar a elucidação deste caso.   

“É inadmissível que as autoridades responsáveis pelas investigações, depois de tantos recursos investidos nesse processo, não tenham chegado a uma conclusão sobre os mandantes e sequer tenham levado os acusados pela execução do crime a júri popular.”

Seguiremos monitorando as investigações de perto, cobrando para que a colaboração entre Ministério Público do Rio de Janeiro e Polícia Federal seja transparente, exigindo que as famílias participem do processo e tenham o devido acesso à informação respeitado, além de não descansar enquanto não alcançarmos a efetiva justiça e todas as perguntas sejam devidamente respondidas. 

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