A troca de prisioneiros entre os Estados Unidos e Cuba surge como uma nova oportunidade, em mais de 50 anos, para trabalhar por mudanças em matéria de direitos humanos entre os esforços para regularizar as relações entre os dois países, disse hoje (17) a Anistia Internacional.

Foi libertado o consultor norte-americano Alan Gross, que era funcionário humanitário em Cuba quando foi preso, há cinco anos, sob acusações de tentativa de subversão e espionagem. Em troca, os três últimos membros do chamado grupo “Cuban Five”, que permaneciam presos nos Estados Unidos por condenações de espionagem e conspiração desde 1998, foram também libertados e autorizados a abandonar o território norte-americano. As libertações ocorreram na manhã de hoje, 17 de dezembro (hora local).

“Esta troca de prisioneiros é um excelente começo para a revisão nas relações entre os Estados Unidos e Cuba há muito esperada, ao fim de mais de meio século de um relacionamento espinhoso, sanções e recriminações mútuas. Quaisquer esforços feitos para uma reforma política e diplomática têm de ser acompanhados de uma mudança histórica de direitos humanos em Cuba”, frisa a diretora do Programa Américas da Anistia Internacional, Erika Guevara Rosas.

“Se como parte dos esforços para normalizar as relações entre os países se retira o embargo americano, eliminando os impactos negativos que ele causa nos direitos economicos e sociais da população cubana, o governo cubano não poderá mais usá-lo como justificativa para não responder às suas obrigações internacionais no que se refere aos direitos humanos”.

Durante anos, a Anistia Internacional fez campanha em defesa dos “Cinco Cubanos”. A organização de direitos humanos expressou suas preocupações de que aqueles suspeitos não tiveram julgamentos justos em Miami, e criticou veementemente os Estados Unidos por terem recusado emitir vistos para que as mulheres de vários deles pudessem visitar-los na prisão. Os três últimos dos “Cuban Five” agora libertados são Gerardo Hernandez, de 49 anos, Antonio Guerrero, de 56, e Ramon Labañino, de 51. Já antes, Rene Gonzalez, de 58 anos, e Fernando Gonzalez, de 51, tinham sido libertados.

“Estas libertações, ao fim de mais de uma década e meia atrás das grades nos Estados Unidos, após processos e julgamentos que ficaram aquém dos padrões internacionais de julgamento justo, devem ser um enorme alívio para estes três homens e as suas famílias. As preocupações expressas pela Anistia Internacional e outras organizações e entidades sobre aquele julgamento e o tratamento a que os suspeitos foram sujeitos, deveriam ter conduzido as autoridades norte-americanas a conceder-lhes clemência há muitos anos”, conclui Erika Guevara.