A insinuação feita em março (23) de que as jovens cuja gravidez seja evidente serão excluídas dos exames escolares em Serra Leoa só servirá para prejudicar sua educação e reduzir suas possibilidades de melhorar suas vidas, afirmou a Anistia Internacional.

Na mesma semana, o ministro da Educação de Serra Leoa, Minkailu Bah, reiterou comentários anteriores no sentido de que garotas cuja gravidez seja evidente poderiam não ser autorizadas a fazer as provas. Uma das razões fundamentais invocada pelo ministro é que seriam um mau exemplo para as outras jovens. A aprovação nos exames é um requisito para passar da escola secundária fundamental para a escola secundária superior.

“O governo deveria se esforçar para escolarizar mais meninas, não para fechar-lhes as portas. Não se deve truncar um direito das adolescentes à educação e frustrar suas esperanças de uma vida melhor por causa de uma gravidez precoce e, em alguns casos, indesejada”, afirmou Sabrina Mahtani, pesquisadora da Anistia Internacional sobre a África Ocidental.

“Nem quero pensar em como esta política seria aplicada nas escolas. Que meninas irão à escola se isso significa ser apontada, examinada fisicamente e envergonhada? As escolas são feitas para submeter à prova a capacidade das estudantes, não se estão grávidas.”

As medidas que ameaçam tomar prejudicariam ainda mais as meninas em Serra Leoa, onde 28% das adolescentes entre 15 e 19 anos têm um filho ou estão grávidas, segundo a Enquete Demográfica e de Saúde de Serra Leoa, de 2013.

As escolas estiveram fechadas durante oito meses devido ao surto de ebola, e neste tempo as meninas tiveram menos acesso a serviços ou clínicas de saúde reprodutiva, foram submetidas a mais pressão para manter relações sexuais em troca de mercadoria ou dinheiro, e a um risco maior de violência sexual.

Está previsto que as escolas sejam reabertas em abril, e não se sabe se será ou não permitido o comparecimento de meninas grávidas.

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