Anistia Internacional denuncia que a polícia de Hong Kong falhou no seu dever de proteger centenas de manifestantes favoráveis à democracia dos ataques de um grupo que se juntou para contestar os protestos, na última sexta-feira (03/10).

Mulheres e meninas estavam entre as pessoas atacadas, tendo-se registado episódios de agressão sexual, assédio e intimidação. Tudo aconteceu quando oponentes aos protestos entraram em confronto com os manifestantes pró-democracia, nos distritos de Mong Kok e Causeway Bay.

“A inércia da polícia é uma vergonha”, lamenta a diretora da seção de Hong Kong da Anistia Internacional, Mabel Au. E continua: “as autoridades falharam no dever de proteger manifestantes pacíficos que foram atacados. Na última semana houve uma presença policial forte, mas o episódio de sexta-feira pode levar ao início de uma situação que é cada vez mais instável”.

A Anistia Internacional recolheu testemunhos em primeira mão de mulheres que foram atacadas fisicamente e ameaçadas, enquanto a polícia se manteve passiva assistindo. Uma mulher que se manifestou em Mong Kok contou à Anistia como um homem a agarrou no peito quando estava junto a outros manifestantes. Disse ainda que o mesmo homem tocou a virilha de duas outras mulheres. Vários policiais assistiram e nada fizeram. Os próprios manifestantes tiveram que intervir para prevenir que o ataque continuasse.

Os reforços policiais apareceram só algumas horas depois da atmosfera se tornar violenta com a chegada dos oponentes ao protesto. Não é claro se a polícia simplesmente subestimou o risco apresentado pelos oponentes ou se decidiram deliberadamente não intervir. Durante horas as forças policiais não foram suficientes para controlar a situação.

As autoridades têm a obrigação de proteger manifestantes pacíficos de ataques violentos. As pessoas que protestam devem poder exercer os seus direitos à liberdade de expressão e de reunião.