As famílias de 37 pessoas que morreram queimadas em um ataque à embaixada espanhola na Cidade da Guatemala em 1980 finalmente tiveram algum alívio, visto que a justiça foi feita com relação a um ex-comandante do alto escalão da polícia pelos crimes, disse a Anistia Internacional.

Na noite de segunda-feira (19), uma corte civil na Cidade da Guatemala considerou Pedro García Arredondo, antigo detetive-chefe da hoje extinta Polícia Nacional, culpado por ter orquestrado um incêndio na embaixada espanhola da cidade que deixou apenas dois sobreviventes. Após um julgamento de quatro meses, ele foi condenado a 90 anos de prisão por homicídio, tentativa de homicídio e crimes contra a humanidade.

“Levou três décadas e meia, mas a justiça finalmente bateu à porta de Pedro García Arredondo pelo ataque à embaixada espanhola. Mas essas mortes são apenas um exemplo das muitas cometidas pelas autoridades guatemaltecas durante a prolongada guerra civil no país”, disse Erika Guevara Rosas, Diretora do Programa das Américas da Anistia Internacional.

“Esta é uma vitória para as vítimas e mostra, novamente, que o sistema judiciário da Guatemala – quando não há interferências políticas – é totalmente capaz de punir as terríveis violações contra os direitos humanos do passado sombrio do país.”

Em outro julgamento, em 2012, Pedro García Arredondo foi condenado a 70 anos de prisão pelo desaparecimento e tortura de um estudante universitário em 1981.

Apesar dessas condenações, a impunidade endêmica ainda é um grave problema para sérias violações aos direitos humanos cometidas no passado na Guatemala. O julgamento em progresso do antigo líder militar Gen. José Efraín Ríos Montt por sua suposta participação em assassinatos em massa em uma comunidade indígena Ixil foi enredado por atrasos e táticas evasivas.

“Esperamos que outros casos de violações graves dos direitos humanos em julgamento pelo sistema judiciário da Guatemala, inclusive o de Ríos Montt, sejam resolvidos de forma que garantam justiça, verdade e reparação às muitos milhares de outras vítimas e sobreviventes dos abusos do conflito”, disse Erika Guevara Rosas.