Diante do resultado das eleições presidenciais da FIFA hoje (29), em que Sepp Blatter ganhou um quinto mandato, Sylvia Schenk, da organização Transparência Internacional se pronunciou em nome da Aliança do Esporte e Direitos (SRA):

“Estas eleições são uma oportunidade para que a FIFA vire a página em relação aos direitos humanos. A FIFA tem sido marcada por escândalos de corrupção e outras controvérsias, incluindo abusos contra trabalhadores migrantes ligados à Copa do Mundo de 2022 no Qatar. As prisões de altos funcionários da FIFA em Zurique nesta semana forçam a organização a finalmente lidar adequadamente e de forma eficaz com a corrupção endêmica, mas a organização ainda tem que demonstrar o compromisso real para garantir que megaeventos como o Qatar 2022 não sejam construídos sobre uma base de exploração e abuso”.

“Joseph Blatter deve tornar esta sua principal prioridade, exigindo que as autoridades do Qatar implementem imediatamente reformas eficazes para proteger os direitos dos trabalhadores migrantes em conformidade com as normas internacionais, e que as medidas anticorrupção sejam introduzidas e monitoradas detalhadamente. Além disso, ele deve assegurar que quaisquer critérios para licitação na Copa do Mundo devem respeitar os direitos humanos e transparência em todas fases do processo, do início ao fim”.

“A FIFA também deve trabalhar em estreita colaboração para esses fins com os seus principais parceiros corporativos e outros responsáveis para a realização de todos os futuros torneios da Copa do Mundo.”

A SRA é uma coalizão de ONGs, organizações desportivas e dos sindicatos que inclui Anistia Internacional, Football Supporters Europe, Human Rights Watch, Confederação Sindical Internacional, Terre des Hommes e Transparência International Alemanha. A entidade está solicitando aos organismos que regem os esportes internacionais que garantam que os direitos humanos e a transparência estejam no centro dos processos de licitação para megaeventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas”.

Em abril, o SRA enviou um questionário aos candidatos à presidência da FIFA fazendo-lhes perguntas específicas sobre seus planos para combater violações aos direitos humanos e direitos do trabalho, bem como questões de sustentabilidade e de corrupção, caso fossem eleitos.

Todos os quatro candidatos – Sepp Blatter, Luis Figo, o príncipe Ali Bin Al Hussein e Michael van Praag – responderam, mas apenas um (Michael van Praag) definiu um plano detalhado para responder a tais abusos. Van Praag e Figo saíram da corrida presidencial na semana passada.