A renomada cantora Angélique Kidjo e três jovens ativistas africanos inspiradores são os vencedores do Prêmio Embaixador de Consciência 2016.

Oferecido pela Anistia Internacional, o prêmio celebra indivíduos e grupos que têm mostrado uma coragem excepcional diante de injustiças e que através de seus talentos inspiram mais pessoas a promover a causa dos direitos humanos. Este ano o prêmio será compartilhado entre a artista Angélique Kidjo, nascida no Benin e uma das mais bem sucedidas cantoras e compositoras africanas do mundo, e os grupos de ativistas Y’en a marre, do Senegal, Le Balai Citoyen, de Burkina Faso, e Lutte pour le Changement (LUCHA), da República Democrática do Congo. Todos serão homenageados na cerimônia de premiação em Dakar, Senegal, no dia 28 de maio.

“O Prêmio Embaixador de Consciência é uma celebração de figuras públicas que têm mostrado coragem excepcional na defesa da justiça. Angélique Kidjo e os membros da Y’en a marre, Le Balai Citoyen e LUCHA provaram ser defensores ousados dos direitos humanos, usando seus talentos para inspirar outras pessoas”, disse Salil Shetty, secretário-geral da Anistia Internacional.

A artista vencedora do Grammy, Angélique Kidjo, fugiu de sua terra natal na década de 1980 após ser pressionada a se apresentar perante o regime repressivo de seu país. Em seus 30 anos de carreira, com 12 álbuns, ela é uma ativista de destaque pela liberdade de expressão e educação de meninas na África, bem como contra a mutilação genital feminina.

“Eu sempre tentei usar minha voz cantando e falando pela luta contra a injustiça e a desigualdade. O trabalho da Anistia Internacional ao longo dos anos tem sido tão corajoso e extraordinário que receber o prêmio é intimidante para mim! Ele vai me energizar para ficar firme na defesa de questões cruciais de direitos humanos do nosso tempo”, disse Angélique Kidjo.

………..

Y’en a marre é um grupo de rappers senegaleses e jornalistas que se juntaram em janeiro de 2011 para incentivar os jovens a se registrarem para votar na eleição e exercer o seu direito à liberdade de expressão. Três dos fundadores do grupo foram presos em fevereiro de 2012 por ajudar a organizar um protesto pacífico contra o governo na época. Y’en a marre manteve-se ativo desde a eleição, fazendo reuniões e pressionando o novo governo a implementar as reformas prometidas, como a reforma agrária, uma questão-chave que afeta a população rural pobre do Senegal.

“Não existe essa coisa de uma conclusão precipitada, só existem as responsabilidades abandonadas”, disse Fadel Barro, coordenador do Y’en a marre.

Le Balai Citoyen é um movimento de base política comprometido com o protesto pacífico e fundado em 2013 por dois músicos, o artista de reggae Sams’K Le Jah e o rapper Smockey (Serge Bambara). Le Balai Citoyen manifestou preocupações sobre uma série de questões, de grilagem de terras até cortes no fornecimento de energia, e mobilizou pessoas para reivindicar seus direitos e lutar contra a impunidade. Sob o slogan “após a sua revolta, o seu voto”, o grupo organizou escolas de educação política em uma tentativa de aumentar a taxa de registro de eleitores entre os jovens antes das eleições de novembro passado. O nome do movimento refere-se tanto a “limpar” a corrupção política, quanto a limpeza regular das ruas iniciada por cidadãos de Burkina em seus bairros. Os membros do Le Balai Citoyen carregam vassouras durante os protestos para simbolizar isso.

“Le Balai Citoyen tem a honra de receber este prêmio. Para todos aqueles que colocaram sua confiança em nós e que leram através de nossos atos o compromisso de lutar contra a injustiça: queremos reafirmar que nossas convicções permanecem tão fortes e seguras como os nossos sonhos”, disse Smockey de Le Balai Citoyen.

LUCHA é outro movimento comunitário de jovens empenhado no protesto pacífico, criado em Goma, no leste da República Democrática do Congo, em 2012. O seu ativismo se concentra em questões sociais, direitos humanos e a proteção de civis dos grupos armados. O LUCHA defende a justiça social e a governabilidade democrática por meio de ações não-partidárias e não-violentas. Fred Bauma, ativista do LUCHA, foi preso junto com outros 26 ativistas em março 2015 quando forças de segurança congolesas invadiram uma conferência de imprensa em Masina, distrito de Kinshasa. A conferência foi organizada para o lançamento de uma iniciativa da juventude Filimbi que visa instrumentalizar os jovens sobre a participação no processo democrático na República Democrática do Congo. Fred Bauma continua preso junto com Yves Makwambala, que desenhou o site do movimento Filimbi. A Anistia Internacional considera ambos como prisioneiros de consciência, detidos unicamente por exercerem pacificamente seu direito à liberdade de expressão e de associação.

Protestos e ações organizadas pelo LUCHA continuam a ser sistematicamente reprimidos pelas forças de segurança. Por exemplo, desde que Bauma e Makwambala foram detidos, 32 pessoas foram presas exclusivamente por terem exigido a sua libertação. Atualmente, pelo menos nove pessoas ligadas à LUCHA estão na cadeia.

“Estamos felizes e muito agradecidos em receber este prestigiado prêmio. É o reconhecimento do nosso compromisso, e um grande incentivo para nos mantermos firmes na luta não-violenta pela justiça social e democracia em nosso país”, disse Juvin Kombi, um dos membros do Lucha.

“Nós dedicamos este prêmio ao Fred, a todos os nossos compatriotas que são perseguidos por sua participação cívica e para todas as pessoas.”