Na noite de 15 fevereiro de 1973, militares armados invadiram a casa do o professor de história Luiz Basílio Rossi e, sem explicações, o prenderam.

Mesmo após sua prisão, a casa de Rossi encontrava-se fortemente vigiada por agentes da repressão. Maria José Rossi, sua esposa, relatou anos depois: “Não podíamos sair de casa, nem mesmo para a rua, então eu tive que escrever uma nota para um vizinho sem que a polícia visse. A nota foi entregue pela janela para a filha do vizinho, que depois a entregou para um padre, e que por sua vez, passou para o Bispo de Lins. Eventualmente, a nota chegou à sede da Anistia Internacional em Londres.”

Após consultar várias organizações de apoio, a Anistia Internacional emitiu a sua primeira Ação Urgente em março daquele ano, pedindo que seus membros escrevessem imediatamente às autoridades brasileiras para pedir a liberação do professor Rossi.

A Ação Urgente para salvar o professor Rossi das garras da ditadura, marcou nascimento da Rede de Ação Urgente da Anistia. Uma Ação Urgente é uma mobilização imediata e continua existindo até hoje como ferramenta de pressão e mudança. Atualmente, a rede de Ação Urgente conta com mais de 150 mil membros e emite mais de 400 ações por ano.

Após as cartas de apelo começarem a chegar em São Paulo, a esposa do professor Rossi recebeu um telegrama pedindo que se apresentasse à polícia militar de São Paulo, afim de “identificar corpo de seu marido.”

Quando Maria José Rossi chegou ao DOPS, viu que seu marido estava vivo (embora tivesse sido torturado) e viu também uma pilha de cartas dos apoiadores da Anistia Internacional provenientes do mundo todo.  O delegado de polícia disse a ela: “Seu marido deve ser mais importante do que pensei, pois nós recebemos essas cartas dos quatro cantos do planeta.”

Anos mais tarde, Maria José disse também: “Na minha opinião, a intervenção da Anistia Internacional foi fundamental para salvar o Luiz de mais torturas ou de algo ainda pior. Tenho a impressão de que o diretor do DOPS e outras autoridades sofreram grande pressão da Anistia Internacional”.