O assassinato de Boris Nemtsov, um dos mais proeminentes ativistas políticos da Rússia, deve ser imediatamente investigado de forma imparcial e eficaz.

Boris Nemtsov, vice-primeiro ministro russo na década de 1990, foi morto a tiros na noite de sexta-feira (27/02), na zona central de Moscou. O autor dos disparos, que conseguiu escapar do local, permanece não identificado.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou entretanto que irá controlar pessoalmente o andamento das investigações.

“No atual clima de repressão das liberdades de expressão e de reunião na Rússia, este é um assassinato a sangue-frio de uma daquelas vozes livres que as autoridades têm tentado silenciar”, avalia o vice-diretor regional do Programa Europa e Ásia Central da Anistia Internacional, Denis Krivosheev. “Há já uma lista de assassinatos políticos na Rússia por resolver, cujas investigações foram postas sob o ‘controlo pessoal’ de políticos russos de topo. Não podemos permitir que Boris Nemtsov se torne em mais um nome nessa lista”, insta o perito da organização de direitos humanos.

Boris Nemtsov era um dos mais proeminentes e politicamente corajosos ativistas no país, tendo sido prisioneiro de consciência quando foi detido pela sua participação em protestos pacíficos. Era também um dos organizadores da manifestação de oposição ao governo que estava programada ocorrer domingo (01/03) em Moscou.

“Falhar em investigar de forma imediata e eficaz e em levar os assassinos de Boris Nemtsov à justiça num julgamento justo constituirá uma acusação simbólica às autoridades russas do seu descumprimento no respeito a direitos humanos fundamentais”, defende Denis Krivosheev.

“Até ser apurada toda a verdade sobre a morte de Boris Nemtsov, os numerosos rumores a que já correm vão persistir e poderão ser usados por todo o tipo de elementos negativos [na sociedade russa] para provocar violência em torno dos protestos que se realizarão em breve. Cabe às autoridades russas a responsabilidade de garantir que aqueles que estão por trás do assassinato sejam imediatamente encontrados, e que os direitos de reunião e de expressão daqueles como Boris Nemtsov sejam totalmente assegurados e protegidos”.