A escalada de violência na Nicarágua, liderada pelas forças repressivas do presidente Daniel Ortega contra manifestantes, vitimou a brasileira Raynéia Gabrielle Lima na última segunda-feira (23/7).

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“É inadmissível a repressão contra a população civil na Nicarágua e o cerceamento ao direito à livre manifestação. O assassinato brutal da brasileira Raynéia Gabrielle Lima acontece em um momento de intensificação da violência no país. Condenamos as violações de direitos humanos promovidas pelas forças de segurança e de grupos armados que apoiam o governo”, disse Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil.

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Erika Guevara-Rosas, diretora de Américas da Anistia Internacional, disse:

“Cerca de 300 pessoas foram mortas desde o início da repressão do Estado, em abril. A Anistia Internacional reafirma que todos os estados têm jurisdição sobre os suspeitos de responsabilidade criminal pelos crimes que estão sendo cometidos na Nicarágua. Essas mortes não podem ficar impunes”.

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A Anistia Internacional denunciou as violações de direitos humanos cometidas pelo estado da Nicarágua em seu relatório “Atirar para matar: Estratégia da Nicarágua para reprimir protestos”, lançado em 29 de maio.

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Desde então, a violência se intensificou e os números de mortes relatados no relatório duplicaram. Até 3 de julho foram registradas 220 mortes comparadas com as 51 que ocorreram durante as primeiras quatro semanas de protestos (entre 18 de abril e 12 de maio). Mais de 2.000 pessoas foram feridas e, de acordo com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), cerca de 500 detidas, em clara violação de direitos humanos.

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A Anistia Internacional reforçou o pedido da CIDH de ser criar um Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI) para apoiar as investigações e identificar os responsáveis, o que acabou aceito pelo governo nicaraguense. Integrantes do GIEI chegaram ao país em 2 de julho para um mandato de seis meses. Agora é preciso garantir as condições de atuação dos especialistas independentes e o cumprimento de suas recomendações, além de exigir que as autoridades deem fim a repressão e investiguem os casos de violação.

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Saiba mais

Relatório Atirar para matar: a estratégia da Nicarágua para reprimir protestos