Depois de quatro anos dedicado a disfarçar a verdade sobre o desaparecimento forçado de 43 alunos de Ayotzinapa, o governo do presidente Enrique Peña Nieto tem uma última chance de agir adequadamente parando de impedir a criação de uma comissão de inquérito especial, disse hoje a Anistia Internacional

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“O mundo olha para o México esperando que o governo finalmente garanta os direitos das vítimas e permita a criação de uma comissão de investigação para descobrir a verdade sobre o que aconteceu e obter justiça para os 43 alunos de Ayotzinapa e suas famílias” disse Erika Guevara Rosas, diretora Anistia Internacional Américas.

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No dia 26 de setembro de 2014, 43 estudantes da escola rural normal de Ayotzinapa foram submetidos a desaparecimento forçado em Iguala, no estado de Guerrero, sul do país. Apesar das fortes pressões nacionais e internacionais e das famílias dos estudantes desaparecidos, o paradeiro, o que e onde ocorreram estas graves violações de direitos humanos ainda são desconhecidos.

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Este é um dos milhares de casos de pessoas desaparecidas no país. Nos últimos quatro anos, o registro oficial de pessoas desaparecidas no México passou de 22 mil para 37 mil.

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Alguns dias após o evento, em 16 de outubro de 2014, o presidente Peña Nieto declarou publicamente que a resolução do caso era uma prioridade para o Estado mexicano. No entanto, desde então, o governo optou por aceitar publicamente que a verdade foi esclarecida com base em uma teoria de fatos que especialistas internacionais e organizações locais repetiram, ao ponto de exaustão, ser falsa.

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Em junho, um tribunal federal ordenou a criação de uma comissão de investigação especial para o caso. Mas o governo tem feito esforços coordenados para apresentar cerca de 200 recursos legais que buscam, a todo custo, evitar que a criação da comissão ocorra.

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“O governo de Peña Nieto novamente voltou a virar as costas para o que agora parece ser a única maneira de esclarecer a verdade. Com esta decisão, o governo reforça sua falta de compromisso para resolver o caso “, disse Tania Reneaum, diretora executiva da Anistia Internacional México.

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As famílias dos estudantes viram com desilusão que, sempre que parece que se dá um passo em frente para encontrar a verdade, o governo mexicano demonstra que seu único objetivo é enterrá-lo e, com ele, o caso dos estudantes.

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“Depois de quatro anos tentando encobrir os fatos, é improvável que a administração atual tome as medidas necessárias para resolver o caso. O novo governo tem então o grande desafio de tomar todas as medidas necessárias para mudar este rumo e garantir os direitos à verdade, justiça e reparação para as vítimas “, concluiu Tania Reneaum.

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