As últimas notícias sobre o descobrimento de fossas comuns durante a busca dos 43 estudantes desaparecidos em Guerrero demonstram a magnitude da crise de desaparecimentos forçados no país, declarou a Anistia Internacional.
“Esta aterradora revelação confirma o que já havíamos descoberto: a enorme crise de desaparecimentos forçados em Guerrero e no restante do México é realmente alarmante”, disse Erika Guevara-Rosas, diretora da Anistia Internacional para as Américas.
“Se não fosse a determinação e persistência das famílias dos estudantes de Ayotzinapa, assim como de defensores, defensoras e jornalistas em exigir das autoridades mexicanas uma resposta integral ao desaparecimento forçado desses jovens, provavelmente nunca saberíamos sobre as fossas comuns e as dimensões da crise.”
“Falta fazer muito para descobrir e tornar pública a verdade sobre o destino e paradeiro dos 43 estudantes que foram submetidos ao desaparecimento forçado em setembro do ano passado e de todos os desaparecimentos não solucionados em todo o México. Estas ações devem incluir a criação de uma base de dados de DNA de pessoas desaparecidas, assim como um registro oficial dos desaparecimentos.”
Por conta de uma solicitação de informações que fez a Associated Press, a Procuradoria-geral da República admitiu que desde o mês de outubro foram encontradas 60 fossas comuns com os restos mortais de pelo menos 129 pessoas no sul do estado de Guerrero. Nenhum dos corpos, que incluem 20 mulheres e 109 homens, pertencia aos 43 estudantes desaparecidos em Iguala durante o mês de setembro.
Meios de comunicação locais também informaram sobre outras fossas comuns que foram encontradas em outros estados da República.
Em 23 de julho, a Comissão Nacional de Direitos Humanos do México (CHDH) publicou um relatório que demonstra as falhas e irregularidades na investigação do caso dos 43 estudantes. O informe considera que as investigações realizadas pela Procuradoria-geral (PGR) não fornecem respostas contundentes do caso e que é necessário continuar as buscas pelas vítimas.
No entanto, os 43 estudantes são um caso emblemático de uma longa lista de pessoas que desapareceram. De acordo com cifras oficiais, mais de 25.700 pessoas desapareceram no México nos últimos anos e quase a metade destes desaparecimentos ocorreu durante a atual administração do presidente Peña Nieto.
A Anistia Internacional fez campanha para exigir do governo mexicano toda a verdade sobre o ocorrido aos estudantes de Ayotzinapa, para que se estabeleça seu paradeiro e que todos os responsáveis sejam levados à justiça.