Em julho de 2017, nossa amiga e colega Ídil Eser, Diretora da Anistia Internacional da Turquia, foi presa junto com outros nove defensores dos Direitos Humanos em Istambul. Atualmente, oito deles estão na prisão e dois sob fiança; todos enfrentam uma investigação sobre (sob) leis antiterrorismo. No entanto, eles não fizeram nada de errado.

Veio à tona apenas um mês após o Presidente do Conselho da Anistia Internacional Turquia, Taner Kiliç ser detido, também de forma injusta. Ele permanece na prisão.

Em 14 de outubro de 2017, a Anistia realizará um dia de Ação Global exigindo a libertação deles para coincidir com o aniversário de Ídil.

Então, por que isso está acontecendo com eles?

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O que aconteceu em 05 de julho de 2017?

Deveria ter sido um dia normal para Ídil Eser, Diretora da Anistia Internacional na Turquia. Ela estava participando de um workshop (oficina) sobre bem-estar e segurança digital com colegas de outras organizações de Direitos Humanos em Istambul – tipo de reunião que ocorre em todo o mundo a cada semana.

Eram debates abertos sobre pressões que eles enfrentam e as maneiras práticas de resolvê-las.

Não obstante, durante o workshop, a polícia invadiu o prédio e deteve-lhes, incluindo os dois treinadores do workshop.

Num primeiro momento, eles foram levados para delegacias de polícia diferentes em Istambul, logo detidos por vários dias na Direção de Segurança de Istambul, a principal sede da polícia. Em 18 de julho, eles compareceram perante um juiz após o pedido do promotor de que fossem enviados para a prisão até o julgamento.

O promotor lhes fez perguntas, muitas sem sentido:  Ídil foi questionada sobre uma campanha da Anistia Internacional em 2014, no decorrer dos 2 anos antes mesmo dela se juntar à organização, e sobre o fato dela ter conversado com Taner, Presidente da Anistia da Turquia preso: o que poderia ser mais natural do que a comunicação entre os dois?

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Quem são os 10 defensores de direitos humanos?

As 10 pessoas presas em Istambul em 05 de julho são:

  • İdil Eser- Diretora da Anistia Internacional da Turquia
  • İlknur Üstün- Coligação das Mulheres
  • Günal Kurşun- Associação de Agenda dos Direitos Humanos
  • Nalan Erkem-Assembleia Cidadã
  • Özlem Dalkıran- Assembleia Cidadã
  • Veli Acu- Associação de Agenda dos Direitos Humanos
  • Şeyhmus Özbekli- Advogado
  • Nejat Taştan- Associação de Monitoramento da Igualdade de Direitos
  • Ali Gharavi- Consultor de Estratégia Digital e Saúde, Escritor
  • Peter Steudtner- Treinador pela Não-Violência e Consultor de Estratégia Digital e Saúde

Nejat Taştan e  Şeyhmus Özbekli já foram liberados mediante o pagamento de fiança, mas ainda enfrentam uma investigação.

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Por que foram presos?

Essas investigações são as mais recentes tentativas de silenciar as vozes críticas na Turquia.

Desde a tentativa do golpe fracassado em julho de 2016, há investigações criminais em curso contra aproximadamente 150 mil pessoas.

No ano passado, mais de 180 meios de comunicação foram encerrados e cerca de 2.500 jornalistas e outros vinculados à mídia perderam seus empregos. Mais de 140 jornalistas e trabalhadores da mídia estão presos aguardando o julgamento.

A dimensão tornou-se nociva na Turquia e agora mesmo os defensores dos Direitos Humanos estão sendo alvos.

Essas mulheres e homens arriscaram sua própria segurança para defender os outros. Nenhum deles fez nada de errado. A Turquia prendeu estas pessoas, assim como elas prenderam centenas de jornalistas e outros, alimentando a propaganda de que os defensores dos Direitos Humanos são de certo modo perigosos e devem ser reprimidos. Isso é ridículo e simplesmente não é verdade.

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Onde eles se encontram?

Sete dos oito defensores dos direitos presos estão na prisão de  Silivri em Istambul, a prisão de mais alta segurança da Turquia. Ilknur está presa na prisão de Sincan em Ancara. Mais dois estão sob fiança, sendo investigados.

Elas não podem receber cartas, só é permitida uma visita supervisionada de uma hora por semana de seus advogados e de seus parentes mais próximos.

Ídil não tem parentes vivos, então ela não teve visitante, exceto de seu advogado até setembro, quando as solicitações de seus amigos para visitá-la foram finalmente aprovadas.

Eles têm permissão de ler livros e jornais, mas não podem receber cartas de fora. Eles estão preses com outra pessoa, mas não podem se ver.

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O que está acontecendo com o aniversário de Ídil e como posso ajudá-la?

Ídil pode estar na prisão, mas isso não vai nos deter de presenteá-la no seu aniversário para lembrar. Então, estamos organizando uma festa global no dia 14 de outubro para comemorar com ela em espírito e todos vocês estão convidados!

Junte-se a nós no dia 14 de outubro, deseje a Ídil um feliz aniversário e entre em ação pedindo sua libertação. Compartilhe esta mensagem nas mídias sociais através do #FestacomÍdil.

Assine a petição pela libertação de Ídil, Taner e os outros defensores de direitos humanos da Turquia!

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Repressão da Turquia em números

Em julho de 2016, teve uma violenta tentativa de golpe na Turquia.

  • 246 mortos
  • 2.194 feridos

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Desde então, ocorreu uma repressão massiva que visou não apenas as pessoas suspeitas de envolvimento na tentativa do golpe, mas, aparentemente, quem critica o governo, inclusive a mídia.

  • 4 renovações do Estado de Emergência
  • 149.000 pessoas investigadas
  • 50.000 presas
  • 100.000 demitidas de seus empregos
  • 140  jornalistas detidos
  • 180 meios de comunicação fechados por decreto
  • 3.800  organizações não-governamentais fechadas

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Os agressores da tentativa do golpe devem ser apresentados à justiça. Mas os direitos conquistados não podem ser eliminados do processo