A menos de uma semana para o fim de seu mandato, o presidente Barack Obama comutou a sentença de Chelsea Manning nesta terça-feira (17). Manning cumpria sentença de 35 anos em uma prisão de segurança máxima após divulgar informações que apontavam para possíveis crimes sob o direito internacional e violações de direitos humanos por militares dos EUA.
“Chelsea Manning expôs sérios abusos e, como resultado, seus próprios direitos humanos foram violados pelo governo dos EUA por anos”, afirmou Margaret Huang, diretora executiva da Anistia Internacional EUA. “O presidente Obama acerta ao comutar sua sentença, mas a decisão vem com atraso. É inconcebível que Chelsea tenha permanecido na prisão durante anos, enquanto os supostamente envolvidos nas informações reveladas por ela ainda não foram levados à justiça”.
“Em vez de castigar o mensageiro, o governo dos Estados Unidos pode enviar um forte sinal para o mundo de que investiga com seriedade violações de direitos humanos expostas em vazamentos como esse e leva todos os suspeitos de responsabilidade criminal à justiça em julgamentos justos”, declarou Erika Guevara -Rosas, diretora da Anistia Internacional para região das Américas.
Manning não pôde apresentar evidências de que agia em favor do interesse público entre outras questões do devido processo legal durante seu julgamento. O Relator Especial da ONU sobre Tortura considerou cruel, desumano e degradante as condições de detenção que Chelsea foi submetida por 11 meses antes de seu julgamento. A denunciante foi colocada em confinamento solitário após uma tentativa de suicídio sob custódia. Além disso, Manning, que iniciou sua transição de gênero após a sentença, não teve acesso a tratamento crítico e em conformidade à sua identidade de gênero em vários momentos durante seu encarceramento.
A Anistia Internacional fez campanha para sua libertação por vários anos.
A organização de direitos humanos pede ao presidente Obama que use seus poderes executivos durante os dias que restam para perdoar o denunciante Edward Snowden.
A sentença de 35 anos de Manning foi muito mais longa do que a de outros membros do exército condenados por acusações como homicídio, estupro e crimes de guerra, bem como outros que foram condenados por vazamento de documentos confidenciais.