A Anistia Internacional lança nesta quinta-feira (27/10) mais uma edição da Maratona Escreva Por Direitos, iniciativa global que une centenas de milhares de pessoas ao redor do mundo em uma teia global de solidariedade a pessoas e comunidades que estão sujeitas a graves de violações de direitos humanos. Em 2016, a novidade é a plataforma: escrevapordireitos.anistia.org.br por onde qualquer pessoa pode se voluntariar para fazer a diferença na vida destes indivíduos e comunidades.

 “Acreditamos no poder das pessoas de mudar uma situação de injustiça, quando elas se organizam e juntam forças com outras. A nova plataforma Escreva por Direitos é um caminho para despertar o/a ativista que há dentro de cada um de nós, sozinhos ou em grupos”, explica Jandira Queiroz, assessora de ativismo da Anistia Internacional no Brasil.

É possível participar de diversas formas: organizar um evento de mobilização na sua comunidade – escola, bairro ou com colegas de trabalho, por exemplo; escrever cartas de solidariedade para pessoas em situações críticas de violação de direitos e pressionar as autoridades responsáveis pelos casos; realizar atividades de educação em direitos humanos com base nos manuais disponíveis; promover a Maratona Escreva Por Direitos nas redes sociais; e até realizar arrecadação de fundos para apoiar o trabalho da Anistia Internacional no Brasil.

Os casos selecionados para este ano são:

 Comunidade Santa Rosa, Maranhão (Brasil) –  Trata-se de uma comunidade tradicional, onde vivem e trabalham cerca de 30 famílias em uma área de 509 hectares. A atividade principal é o extrativismo da carnaúba, cuja renda é apropriada de forma coletiva. O pó da carnaúba é base para a fabricação de chip de celular, cosméticos, materiais de construção, entre outros. A terra é propriedade da União/Marinha, e a omissão do Estado em relação à regularização fundiária resultou no assassinato do líder comunitário Sr. Zé Nedina e na violação de um conjunto de direitos: à vida, à alimentação, ao trabalho, ao meio ambiente, a condições sociais e culturais adequadas. A regularização fundiária é essencial para a sobrevivência desta e outras comunidades, e para a preservação cultural e ambiental na região.

Comunidades indígenas do Vale do Rio Peace (Canadá) – a construção de uma hidrelétrica no estado British Columbia ameaça a cultura e o modo de vida dos povos indígenas de Moberly do Oeste e as comunidades tradicionais de Prophet River. Há mais de 100 anos, o governo canadense se comprometeu a proteger e preservar essas terras, mas recentemente aprovou a construção de uma barragem que extinguirá áreas dedicadas à pesca, caça e cerimônias sagradas. O caso será julgado em breve, por isso a mobilização é urgente.

Edward Snowden (Estados Unidos) – ficou conhecido ao denunciar como governos de todo o mundo capturam, armazenam e utilizam informações pessoais num esquema de vigilância global. Snowden prestou um serviço de utilidade pública, entretanto, encontra-se exilado de seu país acusado de vender segredos do governo americano a inimigos do país. Barack Obama pode usar seus últimos dias como presidente, em janeiro de 2017, para perdoá-lo.

Máxima Acuña (Peru) – Camponesa do norte do Peru, ela enfrenta ataques violentos da polícia e da segurança particular a serviço da mineradora Yanacocha contra sua família, sua lavoura e seu direito de permanecer na terra em que vive. Sua bravura lhe rendeu o Prêmio Goldman 2016, a premiação ambiental mais respeitada do mundo. O apoio da comunidade a fortalece para permanecer firme em seu propósito e ajudar a proteger a pureza das águas da região. Ao mesmo tempo, é necessário pressionar o governo peruano para que garanta sua segurança.

 Zeynab Jalalian (Irã) – Mulher, 34 anos, ativista política pelo direito do povo curdo, foi condenada à prisão perpétua por supostas ligações com um grupo de oposição ao governo do Irã. Seu julgamento durou apenas alguns minutos, sem a presença de seu advogado. A sentença foi proferida com base em confissões que ela alega ter feito após sofrer meses de tortura. Zeynab ficou na solitária por oito meses, foi açoitada e sofreu traumatismo craniano. Como consequência destes maus-tratos, encontra-se em sério risco de perder a visão se não passar por uma delicada cirurgia. Precisamos pressionar o chefe do judiciário Aiatolá Sadegh Larijani para que ela seja libertada e receba o tratamento adequado.

Fomusoh Ivo Feh (Camarões) – estudante prestes iniciar o ensino superior, viu sua vida mudar por encaminhar um SMS irônico de um amigo a outras pessoas. A mensagem dizia que “nem mesmo o Boko Haram recrutava homens sem instrução” – uma clara crítica à dificuldade de jovens conseguirem emprego no país. Entretanto, Ivo e seus amigos foram acusados de organizar uma rebelião, encontram-se à espera de julgamento em uma corte militar, e podem ser condenados a 20 anos de prisão.

 Somente em 2015, a Maratona Escreva por Direitos resultou em 28.830 ações brasileiras para seis casos de violações de direitos humanos no mundo, dois do Brasil. Para 2016 a expectativa é crescer ainda mais essa mobilização.

“Este ano teremos mais tempo para mobilizar. Todas as pessoas, em toda a sua diversidade, são bem-vindas para fortalecerem esta corrente que tem o potencial de mudar a vida de indivíduos e comunidades”.

Saiba mais

Conheça a plataforma Escreva por Direitos 2016

Anistia Internacional traz ao Brasil nova edição da maior campanha por direitos humanos do mundo