Maior segmento populacional do Brasil, a mulheres negras constituem um grupo particularmente vulnerável aos fenômenos extremos do clima, como as fortes chuvas, os deslizamentos, as secas prolongadas, entre muitos outros, por conta das históricas desigualdades e discriminações a que estão submetidas, assim como
pela ausência de políticas climáticas sensíveis às suas necessidades específicas.

Ainda que estejamos vivendo fortes alterações no clima, grande parte dos incidentes e catástrofes decorrem, na verdade, da inação ou negligência das autoridades, que não implementam políticas públicas capazes de proteger comunidades e pessoas dos efeitos das intempéries. Políticas de habitação, saneamento, prevenção
de desastres, defesa civil, enfrentamento ao racismo, igualdade de gênero, saúde e inclusão produtiva (uma lista mais longa caberia aqui) deveriam ser capazes de adaptar comunidades inteiras às mudanças em curso.

Ao mesmo tempo e apesar das condições desfavoráveis em que vivem, são as mulheres negras residentes nas comunidades mais afetadas que têm liderado soluções potentes, inovadoras e coletivas, partindo das experiências práticas de seus territórios e vivências. Soluções que muitas vezes encontram em seu caminho limites dados pelas violações de direitos. Já imaginou como seria se seus direitos fossem garantidos?

Por isso suas vozes precisam ser ouvidas em alto e bom som!
Esse é o compromisso da Anistia Internacional Brasil: apoiar estas mulheres em seu protagonismo para que suas vozes cheguem mais longe, aos ouvidos daquelas e daqueles que, por dever, têm que ouvir, aprender e dar seguimento às propostas, em forma de políticas públicas que beneficiem a todas e todos, sem exceção.

É daí que surge a rede Vozes Negras Pelo Clima: desta parceria entre a Anistia Internacional Brasil e 11 mulheres negras de 8 estados brasileiros, que, estando à frente das soluções locais para os impactos da crise de direitos humanos que chega ou se agrava com as mudanças climáticas, precisam transpor as barreiras do
racismo patriarcal cisheteronormativo para serem ouvidas nos espaços de formulação de políticas climáticas nacionais e globais. Para nós da Anistia Internacional, a ausência de escuta é chocante e inaceitável.

Este documento é uma síntese inicial do que as integrantes da rede Vozes Negras pelo Clima consideram essencial para haver justiça climática. É mais um passo dado por elas na direção de uma agenda que busque superar os impactos do racismo patriarcal e amplie os horizontes disponíveis às autoridades, para a tomada de
decisões consistentes em favor dos direitos humanos.

Boa Leitura!

 

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