DOE AGORA

“Todos os dias a gente se encontrava no café da manhã, ela voltando do plantão e eu indo para a aula. Agora o lugar dela na mesa está eternamente vazio” 

Mariana da Silva perdeu a sua mãe, Helena da Silva de 55 anos para o covid-19. Helena estava na linha de frente do enfrentamento a pandemia, técnica de enfermagem há mais de 30 anos, e seria a primeira a ser vacinada da família, mas não teve tempo.   

Moradora de São Paulo, Helena não parou de trabalhar durante a pandemia, pelo contrário. Seus turnos aumentaram nos hospitais e vivenciou de perto a luta contra o tempo para salvar vidas. Viu muitos companheiros de profissão perderem a batalha e em junho de 2020 contraiu o vírus de forma branda, sem precisar de internação.   

Mariana conta que mesmo com medo pela mãe, a família entendia que era a missão dela estar nos hospitais, que ela era movida pelo amor em ajudar o próximo e pela profissão “Minha mãe nunca disse não para sua profissão, cansei de receber mensagem dela dizendo que ia se atrasar porque um paciente estava precisando dela”.   

 Sem comorbidades, Helena foi reinfectada em dezembro de 2020 e teve que ser internada às pressas por insuficiência respiratória. Foram 7 dias de luta, no terceiro dia foi intubada e não resistiu. Ana conta que, quando a mãe foi internada, ela disse: “Leva seu pai para vacinar…”.  

 O atraso da vacinação no Brasil não deu chance para famílias como a de Helena, tirou dela a conquista de presenciar a primeira filha a se formar na universidade

“Ela sempre insistia pra eu estudar, acreditava mais em mim do que eu mesma e agora todo o meu esforço perde um pouco do sentido”

diz Mariana da Silva, 21 anos e está no último semestre de veterinária.   

 Hoje a família tenta superar o luto e indignação, Helena poderia ter sido vacinada, mas sua vida não foi priorizada. A alegria, o amor e o cuidado que a mãe levava para a família também foram roubados pela COVID-19. E não são números, são pais, são mães, são irmãos, são sobrinhos, são tios, são vizinhos, são gente que eu não conheço, mas que habita este país, como eu.  

A gente poderia ter salvado pessoas se uma política efetiva de controle, baseada em ações não farmacológicas, tivesse sido implementada. “São 95,5 mil mortes especificamente relacionadas à demora na assinatura da Pfizer e da Coronavac”, declarou Hallal, o epidemiologista e pesquisador da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Pedro Hallal afirmou à CPI da Covid, nesta quinta-feira (24), que 95,5 mil mortes poderiam ter sido evitadas no Brasil se o governo federal não tivesse atrasado a compra das vacinas Coronavac e da Pfizer.   

 Onde estava o direito à vida dessas quase 100mil pessoas que morreram pela falta da vacina? É o que nós lutamos para saber e defender.  

Nosso trabalho é lutar para que ninguém seja deixado para trás. Nós estaremos lá!  

Seja parte desse movimento global que acredita que todas as vidas importam, que todos os direitos humanos devem ser preservados.   

Com o seu apoio, a nossa voz em favor da injustiça se potencializa e chega a mais pessoas.   

  Se torne um doador e faça a transformação social que você acredita.  

 

*A história da Helena e sua família é fictícia, mas retrata milhares de histórias reais