A campanha “Somos da Maré e temos direitos” tem como objetivo garantir os direitos dos moradores da comunidade à segurança e prevenir contra abusos e ações desrespeitosas por parte das forças policiais. A ação é importante inclusive porque a Maré será uma das comunidades onde a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) será implantada.

A campanha “Somos da Maré e temos direitos” é uma iniciativa inédita da Redes da Maré, da Anistia Internacional e do Observatório de Favelas .

Cerca de 50 mil folders com orientações  sobre como agir em caso de abordagem policial, tanto na rua quanto em casa, serão distribuídos em todas as favelas da Maré – um cronograma de mobilização nas 16 comunidades do bairro será divulgado em breve pelas instituições  responsáveis  pela campanha.

Além das dicas para evitar abusos por parte dos policiais, os moradores também receberão adesivos para colar na porta de suas casas, com os dizeres: “Conhecemos nossos direitos! Não entre nesta casa sem respeitar a legalidade da ação”.

“Este não é um movimento pontual. Já temos um trabalho consolidado na Maré, de conscientização dos moradores em relação aos seus direitos”, esclarece a diretora da Redes Eliana Silva. “O que buscamos com a campanha é incluir os moradores como agentes ativos no processo de conquista ao direito à segurança pública. Eles são atores centrais e a razão de ser da política de pacificação e não meros espectadores do processo”.

“Queremos romper com a lógica de que estamos em uma guerra e que vale qualquer coisa, inclusive violar direitos dos moradores das comunidades onde as UPP´s são implantadas”, frisa o diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil Átila Roque. “A pacificação só se justifica se for para garantir os direitos de todos os cidadãos, começando pelos  moradores das favelas”.

A campanha deixa claro, porém, que os policiais são funcionários públicos, a serviço da população e devem ser apoiados para que façam o seu trabalho da melhor forma possível. Toda a orientação das instituições responsáveis pela ação aponta para este sentido e se apoia no esclarecimento dos direitos e deveres dos moradores.

“A cidade deve ser para todos,  este é um pressuposto básico. Não podemos tolerar que um policial aborde um morador a partir da sua cor, opção sexual, aparência física ou classe social, seja na Maré, seja na zona Sul”, avalia Jaílson Silva, coordenador-geral do Observatório de Favelas. “Queremos que as pessoas se apropriem da cidade; ter consciência dos seus direitos é um primeiro passo para que todos circulem livremente e em segurança, começando pelo seu próprio território”.

A primeira ação acontecerá na próxima terça, dia 06  de novembro. A Redes da Maré também está disponibilizando um número de apoio aos moradores: (21) 3105.5531.

Iniciativa: Rede das Mares, Anistia Internacional e Observatório de Favelas