A demora no processo de demarcação de terras indígenas coloca diversas comunidades em situação precária, sem acesso à alimentação adequada, à água e a outros recursos naturais essenciais para sua sobrevivência, e viola o direito dos povos indígenas a suas terras ancestrais. Além disso, diversas comunidades sofrem ameaças e ataques diretos por parte de invasores que avançam sobre suas terras.

Ao longo dos anos de atuação no Brasil, temos acompanhado casos de comunidades específicas, como os Guarani-Kaiowá. Mais recentemente, em 2019, lançamos um relatório que mostra a relação entre as invasões de terras indígenas na Amazônia, e as ameaças a lideranças indígenas, e a abertura de pasto para gado ilegal. Em agosto, quando os incêndios na floresta chocaram o mundo, lançamos uma ação urgente internacional exigindo que o governo brasileiro fortalecesse as agências responsáveis pelo monitoramento e implementação de políticas públicas ambientais e indígenas, e preservasse os direitos humanos dos povos indígenas da Amazônia, os mais afetados por este desastre. Mais de 162 mil assinaturas foram reunidas em  três meses.

Em 2020, num aprofundamento deste trabalho, divulgamos novo relatório que mostra que gado bovino criado ilegalmente em áreas protegidas da floresta, também incluindo terras indígenas, entrou na cadeia de suprimentos da maior produtora de carne bovina do mundo, a JBS, por meio fornecedores indiretos. Na esteira desta iniciativa, a Anistia abriu uma petição que pede à empresa que implemente um sistema de monitoramento eficaz, incluindo fornecedores indiretos, até o final de 2020, para garantir que nenhum gado pastado ilegalmente em áreas protegidas entre em sua cadeia de suprimentos.