O Brasil experimentou patamares distintos de crescimento econômico na última década. Primeiro, investimentos em grandes projetos de desenvolvimento chegaram junto a graves violações de direitos dos povos indígenas e outras populações tradicionais, e de remoção forçada dos mais pobres nas cidades. Já a desaceleração dos últimos cinco anos desencadeou perdas e ameaças importantes aos direitos humanos no país.

Com o início do governo de Jair Bolsonaro, em 2019, uma série de ações adotadas pelo Poder Executivo logo no início do mandato elevou a urgência da defesa e da resistência por direitos país. O discurso anti-direitos que marcou sua trajetória política e sua candidatura começou a se concretizar na prática, com tentativas de interferir na atuação da sociedade civil, retrocessos nos direitos dos povos tradicionais, afrouxamento na política de armas e projetos que diminuíam a punição a agentes de segurança que cometessem homicídios no exercício da atividade policial, o que indicava um incentivo ao aumento da violência contra moradores e moradoras de favelas e periferias.

Em meio à pandemia da COVID-19, a maior crise de saúde pública global dos últimos anos, a ausência de ação coordenada entre autoridades e de respostas adequadas à preservação da vida de todos os brasileiros e brasileiras deixou os grupos sociais que já enfrentavam situação de vulnerabilidade aguda em maior risco de sofrer as graves consequências desta emergência. Foi a mobilização da sociedade civil que viabilizou a assistência necessária e a pressão pela garantia de direitos.