Cerca de um ano e seis meses depois do desaparecimento de Davi Fiuza em Salvador, Bahia, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) encerrou as investigações sobre o caso e concluiu pelo indiciamento de 23 policiais pelo homicídio de Davi, além de ocultação de cadáver e formação de quadrilha.

“A conclusão da investigação, embora muito importante, é apenas um passo para que haja justiça pelo desaparecimento e morte de Davi Fiuza. Agora, o Ministério Público deve exercer o seu papel e os acusados devem ir a julgamento. A Anistia Internacional continuará cobrando das autoridades relevantes que atuem de forma célere e imparcial para que o caso seja levado à justiça. O envolvimento de policiais militares que deveriam ser agentes promotores e garantidores da segurança pública em casos de homicídios e desaparecimentos forçados é muito grave”, ressalta Atila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional Brasil.

No dia 24 de outubro de 2014, Davi Fiuza, que há época tinha dezesseis anos, desapareceu no bairro de São Cristóvão, Salvador. Até então havia fortes indícios de que, durante uma operação policial, PMs o teriam amarrado, encapuzado e colocado no porta-malas de um automóvel descaracterizado. Seu corpo ainda não foi encontrado.

Logo após o desaparecimento de Davi, a campanha Reaja ou será Morto, Reaja ou será Morta trouxe o caso para conhecimento da Anistia Internacional que passou a acompanhar seus dedobramentos em parceria com este movimento local. A Anistia Internacional lançou uma Ação Urgente (Index: AMR 19/014/2014) sobre o caso, a fim de pedir sua investigação e a proteção da família de Davi, que vinha recebendo ameaças. O caso também foi enviado ao CED, o Comitê sobre Desaparecimentos Forçados da ONU, que está cobrando do Estado Brasileiro explicações a respeito do desaparecimento forçado de Davi. A Anistia Internacional envia as atualizações sobre o caso ao referido Comitê.

Os dados sobre homicídios e desaparecimentos forçados com o envolvimento de policiais e agentes do estado não são padronizados nacionalmente, fator que dificulta a construção de um panorama geral sobre este tipo de ocorrência no país. Entretanto, as pesquisas existentes indicam que a participação de policiais nestes crimes são frequentes no país.

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