O fracasso contínuo das autoridades do Zimbábue em  iniciar uma investigação eficaz sobre o desaparecimento forçado do ativista pró-democracia, Itai Dzamara, emite uma mensagem assustadora sobre a segurança de outros críticos do governo, declarou a Anistia Internacional, na data de hoje que marca o Dia Internacional dos Desaparecidos.

“O fracasso absoluto da polícia para explicar o desaparecimento forçado de Itai Dzamara, quase 18 meses após ele ter sido visto pela última vez, mostra os altos níveis de impunidade que persistem no Zimbábue”, disse Tjiurimo Hengari, diretora adjunta da Anistia Internacional para a África do Sul.

“As autoridades devem tomar medidas para garantir a verdade e a justiça  e libertar a família Dzamara da incerteza angustiante que eles foram submetidos a desde o desaparecimento de Itai.”

Itai Dzamara, jornalista, foi sequestrado em 09 de março de 2015 por cinco homens não identificados, enquanto ele estava em barbearia no subúrbio Glen View da capital, Harare. Dois dias antes de seu seqüestro, ele discursou para uma multidão onde pediu uma ação em massa para enfrentar as condições econômicas em deterioração em Zimbabue.

Testemunhas dizem que um de seus sequestradores o acusou de roubar gado antes de algemá-lo e forçá-lo a entrar em um caminhão branco com a placa escondida.

Embora os homens estivessem à paisana, Dzamara é um velho conhecido das autoridades e, anteriormente, foi raptado, detido ilegalmente e espancado por agentes de segurança do Estado.

O desaparecimento forçado de críticos do governo continua sendo comum no Zimbábue. Em 2008, dezenas de opositores e ativistas dos direitos humanos foram submetidos a desaparecimentos forçados durante semanas, em represália aos seus posicionamentos. O Estado negou repetidamente o envolvimento com os desaparecimentos forçados, porém muitos ativistas foram encontrados  em sua custódia, enquanto o destino e o paradeiro dos outros permanecem desconhecidos.

Em 18 de Agosto de 2015, secretário-geral da Anistia Internacional, Salil Shetty, e diretor executivo da Human Rights Watch, Kenneth Roth escreveram uma carta (somente em inglês), para o governo do presidente Robert Mugabe instando-o a estabelecer uma comissão independente para investigar o sequestro e desaparecimento forçado de Itai Dzamara e garantir que os suspeitos de serem responsáveis ​​por seu desaparecimento sejam levados à justiça.

Em 13 de Março de 2015, o Supremo Tribunal do Zimbabué ordenou o Ministro da Administração Interna, o ministro de Segurança do Estado, o Comissário-Geral da Polícia e do Diretor-Geral da Organização Central de Inteligência para investigar o rapto de Itai Dzamara e relatar seu progresso, quinzenalmente, ao secretário do Tribunal Superior.

Os relatórios continuam a ser insuficientes, não fornecendo detalhes das medidas tomadas pela polícia, exceto para confirmar que as investigações sobre o desaparecimento de Dzamara estão em andamento.

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