São alarmantes os dados revelados pelo Atlas da Violência divulgado, em 27 de agosto, referentes às vítimas de homicídios no Brasil durante o ano de 2018. É urgente que as autoridades públicas brasileiras unam esforços para adotar políticas de segurança que garantam o direito à vida de crianças, jovens, homens e mulheres negros que são a maioria da população brasileira.

O tema da segurança pública tem sido sistemática e historicamente trabalhado pela Anistia Internacional. Já na campanha Jovem Negro Vivo lançada em 2014, a Anistia Internacional denunciou que as mortes da população negra brasileira eram invisíveis para as autoridades brasileiras. A recente pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública confirma o que a Anistia Internacional já apontava: os negros são os alvos prioritários da violência e da morte no Brasil.

Em 2014, denunciamos que a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. A pesquisa do Atlas da Violência, recém lançada, aponta que 75,7% das vítimas de homicídio no Brasil são negras.  Além disso, revela que em 10 anos (entre 2008 e 2018) houve aumento de 11,5% de mortes violentas cujas vítimas eram pessoas Negras ao passo que no mesmo período, houve uma queda de 12,9% de homicídios em que as vítimas eram não negros.

De maneira também alarmante, os dados dessa pesquisa demonstram o aumento, nesses 10 anos das mortes violentas de mulheres. A pesquisa dá conta de que a cada 2 horas uma mulher é assassinada no Brasil. 68% dessas mulheres são negras e enquanto as taxas de homicídios de mulheres Negras subiram 12,4%, as de mulheres não negras tiveram uma redução de 11,7%.

Ainda segundo o Atlas da Violência, 71,1% dos assassinatos no Brasil foram cometidos com armas de fogo.  Isso reforça a importância do controle de armas no Brasil.  Nesse sentido, recordamos que em maio de 2019, numa carta enviada ao Presidente Jair Bolsonaro, a Anistia Internacional afirmou que a flexibilização da posse e do porte de armas atenta contra as garantias do direito à vida e poderá provocar o aumento ainda maior no número de homicídios no Brasil.

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