Ai Weiwei, artista chinês famoso mundialmente, está unindo forças com a Anistia Internacional para mobilizar centenas de milhares de apoiadores ao redor do mundo e inundar a Casa Branca com mensagens de apoio a Edward Snowden como parte da maior campanha de direitos humanos do mundo.

 “Um mundo no qual ninguém defende os delatores e os ativistas é um mundo onde ninguém se arrisca para defender o interesse público ou expor abusos do governo. As pessoas precisam se unir para defender o tipo de sociedade na qual querem viver”, disse Edward Snowden.

 “Revelando a vigilância global em massa, Edward Snowden começou um dos maiores esforços dos direitos humanos do século XXI. Sem ele, o mundo ainda estaria no escuro em relação a uma enorme invasão de privacidade. Em vez disso, agora há um movimento global nascente lutando por direitos humanos on-line”, disse Salil Shetty, secretário-geral da Anistia Internacional.

 “O preço pela exposição de abusos de poder não deve ser o exílio. O presidente Obama deve ouvir a voz das pessoas ao redor do mundo que estão com Snowden. Essas pessoas querem viver em um mundo no qual possam manter detalhes privados de suas vidas privados, e no qual as pessoas não sejam processadas por expor abusos aos direitos humanos”.

“Snowden claramente agiu no interesse tanto do público norte-americano quanto das pessoas ao redor do mundo. Os EUA nunca deveriam tê-lo acusado em primeiro lugar. Perdoando-o, o presidente Obama pode terminar seu mandato quebrando um padrão insidioso que favorece os segredos do governo sobre os direitos humanos”.

A Anistia Internacional sempre considerou Edward Snowden um delator e acredita que ninguém deve ser acusado por revelar informações sobre a violação dos direitos humanos. Junto com o PardonSnowden.org, a American Civil Liberties Union (ACLU) e a Human Rights Watch, a Anistia Internacional lançou uma petição em 14 de setembro de 2016 pedindo para que o presidente Obama perdoe Snowden.

Snowden ainda pode enfrentar décadas de prisão por causa de leis sobre espionagem da época da Primeira Guerra Mundial que tornam a delação equivalente, do ponto de vista do interesse público, à venda de segredos para inimigos estrangeiros dos EUA. Sem a garantia de um julgamento justo e uma defesa do interesse público, ele não tem escolha a não ser viver em limbo na Rússia.

 Ai Weiwei apoia a campanha dos direitos humanos

Ai Weiwei criou mais 11 de seus famosos porta-retratos de LEGO para cada caso assumido pela Escreva por Direitos neste ano. No mês de dezembro, ele se unirá a centenas de milhares de apoiadores da Anistia para enviar mensagens de apoio às vítimas de abusos contra os direitos humanos e chamando líderes mundiais, à ação.

“Estou participando dessa campanha para apoiar pessoas que sofreram por fazer ou dizer coisas que seus governos não aprovaram. Como artista, a liberdade de expressão é essencial para o meu trabalho, e sei de antemão o que acontece quando ela entra em conflito com os poderes, e o quanto o apoio global é importante quando o Estado tenta silenciar você. Permitir às pessoas se expressarem é a diferença entre uma sociedade moderna e uma bárbara”, disse Ai Weiwei.

No ano passado, as pessoas que participaram da campanha Escreva por Direitos enviaram mais de 3,7 milhões de cartas, e-mails, mensagens SMS, faxes, tweets e outros, tornando essa a maior campanha de direitos humanos do mundo.

No Brasil, a campanha Escreva por Direitos também está assumindo outros cinco casos de direitos humanos, como é o caso de Santa Rosa, uma comunidade tradicional no Maranhão que luta pela regularização de suas terras. Os outros casos são:
  • Zeynab Jalalian: ativista política que trabalhou para empoderar os curdos, minoria étnica no Irã, especialmente as mulheres. Em 2008, ela foi presa por suas supostas ligações com o braço militar de um grupo curdo de oposição ao governo do Irã. Clique aqui e conheça todos os casos.

  • Vale do Rio Peace, no Canadá:  O primeiro-ministro canadense Justin Trudeau deve parar com a construção de uma enorme barragem que inundaria mais de 80 km de terra no Peace River Valley, na Colúmbia Britânica, varrendo terras indígenas de caça, pesca e cemitérios.

  • Fomusoh Ivo Feh:  O presidente de Camarões, Paul Biya deve libertar Fomusoh Ivo Feh, um estudante do país cumprindo pena por enviar uma mensagem SMS para seu amigo na qual brincava que até o Boko Haram só contrataria jovens com boas notas – uma referência à dificuldade para se conseguir um bom emprego sem as qualificações certas.

  • Maxima Acuña (Peru): Camponesa do norte do Peru que enfrentou ataques violentos da polícia local por se recusar a deixar a terra onde vive com sua família. Máxima está em uma batalha legal pela posse da terra contra a Yanacocha, uma das maiores empresas mineradoras de ouro e cobre do mundo. Ela acredita que o assédio da polícia é uma tentativa de tirá-la de seu lar. Mas ela não vai sair.

 “A Anistia Internacional pede às pessoas para levarem a injustiça para o lado pessoal, e há poucas maneiras mais diretas de agir do que pegar uma caneta e escrever uma carta para dizer a alguém corajoso que você está com ele, ou a uma autoridade que você está de olho nela”, disse Salil Shetty.

“Nossa campanha sinaliza ao mundo que as pessoas estão prontas para se opor a abusos de poder, seja lá onde eles ocorram”. É nosso dever iluminar a injustiça para que os governos não possam ignorá-la”.

Campanha de solidariedade já viu prisioneiros libertados e perdoados

Na campanha de 2015, centenas de milhares de pessoas em mais de 200 países e territórios enviaram 3,7 milhões (superando as 3,2 milhões de 2014) de mensagens oferecendo apoio ou chamando à ação indivíduos e comunidades do México ao Mianmar que sofrem abusos contra os direitos humanos.

A campanha contribuiu para grandes vitórias para os direitos humanos ao redor do mundo:

·         República Democrática do Congo: em 30 de agosto de 2016, os ativistas da juventude Fred Bauma e Yves Makwambala foram libertados mediante pagamento de fiança depois de presos em uma entrevista coletiva e acusados de formar uma gangue criminosa e tentar derrubar o governo. Até a libertação, Fred e Yves estavam esperando um julgamento que poderia levá-los à pena de morte. Os apoiadores da Anistia Internacional escreveram mais de 170 mil mensagens de apoio ou de pedidos para que eles fossem libertados. [TC1]

·         México: em 7 de junho de 2016, Yecenia Armenta, foi absolvida e liberada após quatro anos na prisão. Em 2012, ela tinha sido espancada, quase asfixiada e estuprada durante 15 horas de tortura até que foi forçada a “confessar” o envolvimento no assassinato do marido. Os apoiadores da Anistia Internacional enviaram 318 mil mensagens a respeito do caso dela.

·         Mianmar: em 8 de abril de 2016, um tribunal retirou as acusações contra a líder estudantil Phyoe Phyoe Aung, presa por um ano depois de ajudar a organizar protestos estudantis em grande parte pacíficos. Os apoiadores da Anistia Internacional ao redor do mundo escreveram mais de 394 mil cartas, e-mails, tweets e outras mensagens de apoio e pedidos de libertação. Agradecendo a eles, ela disse: “Organizações internacionais como a Anistia nunca se esquecem das pessoas que estão enfrentando injustiças em seu esforço pela democracia e pelos direitos humanos. Precisamos ser fortes e nos lembrar da importância de nos unirmos em nossos esforços”.

·         EUA: em 19 de fevereiro de 2016, o estado da Louisiana libertou Albert Woodfox 44 anos depois dele ser colocado na solitária pela primeira vez, após três tribunais derrubarem sua condenação. Mais de 240 mil pessoas agiram por Albert durante a Escreva por Direitos 2015.

 “Uma mensagem de solidariedade vinda de um estranho pode dar forças a pessoas que perderam a esperança e fazer autoridades que perderam a compaixão pensarem duas vezes. Espalhe essa mensagem: escrever uma carta pode mudar uma vida. Seus avós, seus amigos, seus vizinhos, seus amigos de escola, seus colegas: faça com que todos eles escrevam uma carta neste dezembro, pois todos podem fazer a diferença”, disse Salil Shetty.

“Mesmo na era da comunicação digital em massa, o ato de escrever uma mensagem para alguém que enfrenta uma grave injustiça é um ato poderoso de solidariedade que faz uma grande diferença. A campanha Escreva por Direitos sinaliza às vítimas que estamos com elas e lembra às autoridades que estamos de olho”.