A Youth Coalition resume suas esperanças para o futuro.
Metade da população mundial tem menos de 25 anos de idade. Atualmente com 1,8 bilhão, esta é a maior população jovem da história, e este ano na Comissão de População e Desenvolvimento da ONU, diz Sarah Atkinson, da Anistia Internacional, jovens de todo o mundo estão se posicionando diante de líderes mundiais e exigindo serem ouvidos.
Já se passaram 20 anos desde que o acordo de Cairo sobre população e desenvolvimento mudou o foco para as pessoas, seus direitos e sua dignidade – longe das estatísticas. Esta semana nós estamos na sede da ONU, em Nova Iorque, para analisar até que ponto o mundo evoluiu para que isso se tornasse realidade.
A atmosfera é elétrica, focada e tensa. Há uma avanço do conservadorismo, direcionado por grupos e Estados que querem reduzir os direitos acordados no Cairo, particularmente no tocante à igualdade de gêneros e direitos sexuais e reprodutivos.
Entretanto, há uma forte determinação, tanto dos Estados membros da ONU quanto da sociedade civil, para resistir a essas forças e fortalecer o progresso dos Direitos Humanos de todas e todos, e as escolhas sobre seus corpos e suas vidas. As pessoas estão considerando que este seja um momento histórico.
As expectativas são as mais otimistas por uma posição favorável a ser adotada pela ONU esta semana. Enquanto comunidade global, nós nos comprometeremos com medidas concretas para avançar nas conquistas em direção à igualdade de gêneros e à garantia dos direitos dos jovens? Sem isto, o verdadeiro progresso no desenvolvimento mundial não será possível.
A campainha está tocando: chegou o tempo das mudanças
As demandas dos jovens por mudanças estão ressoando claramente. Isto é uma fonte de força, esperança e exaltação durante a Conferência. Ou seja, muitas pessoas jovens estão aqui advogando em prol de seus direitos e dos de sua geração.
“Vinte anos após Cairo, é inaceitável que os direitos sexuais e reprodutivos dos jovens sejam considerados algo ‘muito controverso’,” disse Nur Hidayani, da Indonésia, membro da Youth Caucus (grupo formado por jovens representantes de organizações e países ao redor do mundo).
Como resultado de declarações como a de Nur, Estados membros da ONU fizeram várias referências positivas repercutindo as demandas da juventude por igualdade de gênero, empoderamento de adolescentes e mulheres, educação sexual abrangente, serviços com atendimento amigável para jovens, diretos sexuais e a participação dos jovens na construção de políticas e decisões que afetam suas vidas.
Sabrina Frydman, jovem ativista da Argentina, falou em nome da Anistia Internacional. “Há, ainda hoje, países que quando a jovem ou adolescente é estuprada, ela é forçada a se casar com o estuprador. Não há outra escolha a não ser levar adiante uma gravidez indesejada. Milhões de meninas e adolescentes são submetidas a mutilação genital e casamento infantil”, ela disse.
“Onde os nossos direitos são violados, nós geralmente não temos acesso a justiça, especialmente jovens que vêm de comunidades marginalizadas. Os Governos ao redor do mundo estão falhando conosco, e não estão cumprindo com as obrigações de respeitar, proteger e assegurar todos os nossos Direitos Humanos”.
A petição foi assinada por mais de 280 mil pessoas
Esta semana, o Youth Caucus se uniu a Salil Shetty, Secretário Geral da Anistia Internacional, e a RESURJ (organização de jovens feministas parceira da Anistia Internacional), para entregar a petição ao enviado especial da ONU para a Juventude, demandando aos líderes mundiais a proteção aos direitos sexuais e reprodutivos de jovens. Mais de 280 mil pessoas de mais de 165 países assinaram a petição, respaldada por cerca de 350 organizações de todo o mundo.
O enviado especial da ONU para a Juventude se comprometeu a assumir as demandas de jovens sobre os direitos sexuais e reprodutivos durante seu mandato. Em seu discurso aos Estados membros da ONU, disse: “Ainda ontem, um grupo de jovens delegados e delegadas presentes me entregou uma petição delineando sua demanda para a proteção dos direitos humanos e da dignidade”.
Ele enfatizou as demandas do Youth Caucus pela educação sexual abrangente, serviços de saúde acessíveis para jovens e a participação da juventude na tomada de decisões que afetem suas vidas.
Colados nos smartphones
O Youth Caucus foi o coração pulsante na ONU esta semana. Sorrisos calorosos e alto astral complementam o conhecimento político aprofundado e a destreza em negociações. O que estes e estas jovens mais querem é se verem presos em um elevador com um diplomata.
Representantes da juventude falaram nos eventos e apresentaram argumentos fortes em defesa de suas demandas. Se mobilizam muito com rapidez. Colados em smartphones e laptops, eles enviaram um fluxo constante de tweets.
Ao abordar questões de relativismo cultural e soberania, Dareen, da rede Arab Youth disse: “A cultura é dinâmica e é um processo complicado, não tem um único significado. Mais importante, é inaceitável usar a cultura como justificativa para negar a jovens os nossos direitos, especialmente nossos direitos sexuais e reprodutivos”.
Os Estados nacionais têm sorte de estarem cercados destes especialistas, com ampla experiência e vontade de encontrar soluções. Isto é muito mais do que ‘ativismo criativo e enérgico’. Geralmente, jovens são associados com e chamados pelas ONG´s para executar tarefas – isto aqui é a juventude influenciando decisões mundiais nos níveis mais elevados, em seus próprios termos.
Como disse Sara Vida Coumans, da YCSRR, em seu blog: “Como jovens, nós não apenas formamos quase metade da população, somos sujeitos de direitos e estes não podem ser ignorados. É hora dos governos assegurarem nossos direitos sexuais e reprodutivos, hoje e para a agenda pós 2015”.