Rio de Janeiro. 30.10.2019.Sobre as últimas notícias do caso Marielle, veiculadas na edição de ontem (29), pelo Jornal Nacional e publicadas na tarde desta quarta-feira (30) pela imprensa, que trouxeram novas informações sobre a investigação do assassinato da defensora de direitos humanos Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, afirmou:
“As revelações das reportagens trazem à tona várias novas perguntas em uma investigação que já se arrasta há quase 600 dias. São questões muito graves e explicações precisam ser dadas com clareza, seriedade e celeridade. É inadmissível este ir e vir de informações e vazamentos que fazem parecer que as investigações estão presas em um labirinto, exatamente como apontamos no início deste ano. É lamentável que, quase um ano depois de termos nomeado o caso Marielle Franco como um labirinto, as autoridades sigam dando este recado sobre a morte de uma defensora de direitos humanos. É preciso que elas tenham rigor na apuração dos fatos. A família de Marielle Franco, a sociedade brasileira e a comunidade global aguardam uma resposta definitiva: quem mandou matar Marielle e por que?
“Cobramos que todos os elementos de prova sejam usados com rigor nesta investigação, inclusive as imagens da câmera do circuito interno do condomínio Vivendas da Barra.
“Além disso, precisamos de respostas para outras perguntas que ficam em aberto a partir da reportagem da TV Globo ontem: Alguém mais entrou no condomínio aquela tarde em direção à casa de Ronnie Lessa? Se Élcio saiu do condomínio no carro de Lessa, quando seu carro deixou o local? Quem o retirou?”
Sobre a transmissão ao vivo pela internet feita pelo Presidente Jair Bolsonaro na noite de ontem, Jurema Werneck afirma:
“O Presidente Jair Bolsonaro, em sua transmissão ao vivo pela internet, apontou o Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel como autor do vazamento de informações de uma investigação que corre em sigilo e que foram reveladas pela reportagem. Witzel negou que interferiu nas investigações. Afinal, houve vazamento de informações sigilosas do caso pelo governador? Quem são os responsáveis pelos vazamentos sucessivos de informações sigilosas? Isto é muito grave.
“Não é mais admissível que sigamos aguardando respostas concretas e apoiadas em provas sobre o assassinato de Marielle. O sofrimento da espera só aumenta com o vazamento e divulgações imprecisas. Esperamos que este ir e vir de informações não seja uma estratégia para atrasar ainda mais a solução deste crime bárbaro. Cobramos empenho e transparência de todas as autoridades responsáveis pelas investigações para que se esclareça, de uma vez por todas, o assassinato da defensora de direitos humanos Marielle Franco e de Anderson Gomes, doa a quem doer”.