As autoridades turcas devem libertar imediatamente os manifestantes pacíficos que foram detidos no último dia 8 na Praça Taksim. Devem investigar também as denúncias de uso excessivo da força depois que a polícia antidistúrbios utilizou gás lacrimogêneo e canhões de água para desalojar as pessoas da praça e do parque Gezi, declarou a Anistia Internacional.
“As autoridades turcas têm o dever de garantir que a população possa se reunir pacificamente e manifestar suas opiniões. É imprescindível que seja realizada, o mais rapidamente possível, uma investigação imparcial sobre os supostos abusos cometidos pela polícia antidistúrbios, e que as pessoas responsáveis por cometer algum crime sejam levadas à justiça”, disse John Dalhuisen, diretor do Programa para a Europa e Ásia Central da Anistia Internacional.
Segundo a Associação Médica de Istambul, ao menos 30 pessoas ficaram feridas no dia 8 – entre elas, um jovem de 17 anos que está em estado crítico com lesões na cabeça por ter sido atingido por uma bomba de gás. Na última segunda-feira, o parque Gezi em Taksim foi aberto brevemente ao público após uma proibição de acesso ao local que durou três semanas.
O parque foi reaberto às 15h pelo governador de Istambul, Hüseyin Avni Mutlu, e foi gradualmente se enchendo de ativistas e membros da opinião pública. A Taksim Solidarity havia convocado uma reunião pública no parque para as 19h. No entanto, por volta das 18h, a polícia informou às pessoas reunidas no parque que teriam que deixar o local. Pouco depois, começaram a disparar balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.
A operação policial se transferiu para os arredores do parque, como a concorrida rua comercial Istiklal, e se prolongou até as primeiras horas da manhã. “O comportamento da polícia na praça Taksim e arredores na noite do dia 8 é um sinal lamentável do ressurgimento das mesmas táticas que provocaram a última onda de protestos por toda a Turquia. Parece que as autoridades turcas estão mais decididas do que nunca a impedir que os dissidentes se reúnam na praça Taksim”, declarou John Dalhuisen.
Entre as pessoas detidas estão representantes da Taksim Solidarity, como o secretário-geral da Associação Médica de Istambul, Ali Çerkezoğlu, e a secretária da Câmara de Arquitetos, Mücella Yapıcı. Ainda que não tenham sido formalmente acusados, está previsto que compareçam ao tribunal.