A aplaudida decisão da ONU de investigar novas denúncias de exploração e abusos sexuais cometidos pelas tropas de manutenção de paz das Nações Unidas na República Centro-Africana demonstra mais uma vez a necessidade de introduzir reformas adicionais e que os responsáveis compareçam à Justiça, declarou a Anistia Internacional.
O representante especial do secretário-geral da ONU na República Centro-africana, Parfait Onanga-Anyanga, confirmou ontem que pessoal do UNICEF havia entrevistado quatro meninas que, ao que parece, haviam sofrido abusos nas mãos de soldados de manutenção da paz. O representante especial pediu aos países que contribuem com tropas que abram sua própria investigação e ofereceu o apoio do Escritório de Serviços de Supervisão Interna da ONU.
“A informação sobre novas denúncias de exploração e abusos sexuais é extremamente inquietante, e demonstra quanto há para fazer para erradicar esta prática recorrente. A investigação é um sinal satisfatório de boas intenções, mas as promessas de tolerância zero devem ser cumpridas, e os responsáveis devem comparecer ante a justiça em julgamentos com as devidas garantias”, disse Stephen Cockburn, vice-diretor regional da Anistia Internacional para a África Ocidental e Central.
“Não devemos perder de vista o terrível trauma que sofreram estas meninas, cujo bem-estar é primordial. Devem ser tomadas medidas para garantir seu direito à atenção médica posterior ao estupro.”
As denúncias mais recentes foram precedidas de uma série de ouros casos de exploração e abusos sexuais na República Centro-africana. Um grupo de peritos independentes condenou recentemente a resposta da ONU às denúncias que indicavam que soldados de manutenção da paz franceses e de outras nacionalidades haviam abusado sexualmente de meninos em um campo para pessoas deslocadas em 2014. Em agosto de 2015, a Anistia Internacional recopilou indícios que sugeriam energicamente que uma menina de 12 anos havia sido violada por membros das forças de manutenção da paz da ONU.
Em dezembro de 2015, um grupo de experts independentes designados pela ONU condenou a resposta das Nações Unidas.