Nesta quarta-feira (16), o ministro do Interior e Coordenação do Governo Nacional do Quênia, Joseph Nkaissery, anunciou que o fechamento do maior campo de pessoas refugiadas, em Dadaab, será adiado em seis meses.  Muthoni Wanyeki, Diretor da Anistia Internacional para a região da África Oriental, Chifre e Grandes Lagos, afirmou:

“Embora saibamos que o Secretário do Gabinete prometeu que as repatriações serão realizadas de forma humana e digna, o anúncio não é uma mudança de política. Milhares de pessoas refugiadas continuam em risco de repatriamento forçado para um país devastado pela guerra onde estão em risco de morte ou ferimento no conflito em curso”.

“O governo do Quênia deve acabar com sua obstinada determinação de repatriar os refugiados contra sua vontade, contrariando o direito internacional e, em vez disso, com o apoio de doadores, abraçar soluções sustentáveis ​​a longo prazo, incluindo a integração das pessoas refugiadas em comunidades locais. A comunidade internacional também deve compartilhar a responsabilidade com o Quênia, fornecendo mais lugares de reassentamento aos refugiados mais vulneráveis ​​”.

O anúncio foi feito um dia após a Anistia Internacional publicar um relatório detalhando evidências de que pessoas refugiadas no campo de Dadaab estão sendo forçadas a retornar para seus países.

Contexto

O Quênia abriga mais de 500 mil pessoas refugiadas. Pelo menos 330 mil delas são somalis, das quais cerca de 260 mil estão no campo de refugiados de Dadaab, o maior do mundo.

A Somália enfrenta há mais de duas décadas  um conflito devastador. A luta entre forças governamentais apoiadas por tropas da União Africana e militantes de Al-Shabaab resultou em graves violações dos direitos humanos e devastou a oferta de serviços básicos e infra-estrutura.

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