A violência não só oferece risco aos cidadãos, mas também traz consequências para o dia a dia dos territórios afetados. Foi o que revelou a pesquisa “Favelas na Mira do Tiro: Impactos da Guerra às Drogas na Economia dos Territórios”, feita pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC).  

De acordo com o levantamento, os moradores dos complexos da Penha e Manguinhos, locais mais afetados pelas operações policiais, entre junho de 2021 e maio de 2022, tiveram prejuízo de R$ 14 milhões em um ano, em razão da guerra às drogas. Na conta entram dias de trabalho perdidos devido as operações policiais e os custos para repor ou reparar bens danificados durante esses episódios.  

A pesquisa também considerou a diminuição da renda dos moradores: impedidos de saírem de casa eles perderam, em média, 7,5 dias de trabalho, o equivalente a uma semana e meia ou 2,8% de um ano com 264 dias úteis. 

Ainda segundo o levantamento, considerando a renda média por adulto das localidades impactada, de R$ 1.652 mensais, R$ 9,4 milhões deixaram de ser arrecadados exclusivamente por causa das ações policiais.  

Além disso, moradores também relataram interrupção nos fornecimentos dos serviços básicos. Cerca de 44,9% deles ficaram sem energia elétrica em casa durante as ações policiais, resultando em 35 horas, em média, sem o serviço. No caso da internet, 32,1% disseram que tiveram o acesso suspenso, ou seja, cerca de 28 horas. Foram 17,3% os que ficaram sem água; e 4,8% os que afirmaram ter sido roubados ou furtados durante as incursões policiais. 

“O modelo de repressão adotado pelo Rio de Janeiro além de ser violento e ineficiente, ainda elimina as chances de famílias e comunidades inteiras (e com elas, a cidade) avançarem em direção a uma vida digna. A ausência de uma política consistente de segurança pública, que preserve vidas e patrimônio das pessoas que vivem nas favelas, pessoas negras na maioria, precisa ser denunciada e autoridades públicas precisam ser efetivamente responsabilizadas”, afirma Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil 

A Anistia Internacional segue mobilizada e exige respeito à vida e aos demais direitos dos moradores das favelas e periferias do Rio de Janeiro e do Brasil. 

Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

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