O direito à saúde, à dignidade e à liberdade devem fazer parte da vida de todas as pessoas, independentemente do gênero, raça, credo e condição socioeconômica. No entanto, o acesso a essas garantias por grupos discriminados ainda é um grande desafio, especialmente quando se trata da população LGBTI+.

Atualmente, o Brasil lidera o triste ranking de países mais matam pessoas LGBTI+ no mundo. Segundo dados do relatório “Mortes Violentas de LGBTI+ no Brasil – 2021”, realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), em 2021 foram registradas 316 mortes no país, número 8% maior em relação ao ano de 2020. Além disso, o abandono familiar é outro problema vivido por pessoas LGBTI+, o que pode contribuir para aprofundar ainda mais a situação de vulnerabilidade.

Tendo isso em vista, o grupo de ativismo voluntário de Campinas (SP) realizou um cineclube a partir do filme “Limiar”. A obra é um documentário autobiográfico realizado por uma mãe que acompanha a transição de gênero de seu filho adolescente. De 2016 a 2019, ela o entrevista abordando os conflitos, certezas e incertezas que o atravessam numa busca profunda por sua identidade. Esse processo de mudança, no entanto, não se reserva apenas ao filho, uma vez que ao mesmo tempo a mãe também passa por um processo de (re)construção no que diz respeito ao enfrentamento de medos e preconceitos.

Após a exibição do documentário, foi realizada uma roda de conversa que contou com a participação de Coraci Ruiz, diretora de Limiar, e Rodrigo Diáz Diáz, produtor do filme. Segundo Sheila, ativista que mediou a conversa, a atividade foi enriquecedora: “os convidados contribuíram muito do início ao fim do debate, fora a sensibilidade da Coraci Ruiz. Ela pegou vídeos caseiros e depois teve a consciência de fazer um filme para levar a discussão para a sociedade. Porém, antes ela passou por toda a preocupação de uma mãe com a escolha do filho, mas sem intervir em sua vontade. Ela se preocupa como mãe, mas respeita a liberdade do filho que passa pela transição”.

Andrew, também ativista, relatou que “o evento contou com a participação da diretora e de um dos produtores, que de forma brilhante, nos aproximaram ainda mais dessa encantadora relação muito bem retratada no documentário. Trata-se de uma obra necessária para romper velhos paradigmas, combater preconceitos e auxiliar no processo de formação e promoção dos direitos humanos. Afinal, todos somos livres e iguais em dignidade e direitos”.

Promover diálogos e ações coletivas são passos fundamentais para sairmos da superficialidade e avançarmos em direção ao mundo que desejamos. Seguiremos, juntos, juntas e juntes lutando por uma sociedade que respeite verdadeiramente os direitos de todas as pessoas. Junte-se a nós nesta luta!