A explosão letal de um carro bomba na noite de dois de maio em um bairro da capital da Nigéria, Abuja, mostra um terrível desprezo pela vida humana e destaca a urgência de pôr fim à campanha de violência contra a população civil, empreendida pelos grupos armados islâmicos na Nigéria, disse a Anistia Internacional.

Nenhum grupo reivindicou a autoria deste último atentado no bairro de Nyanya de Abuja, no qual morreram 19 pessoas e mais de 60 ficaram feridas. O atentado ocorreu menos de três semanas após o grupo armado Boko Haram matar mais de 70 pessoas em um atentado similar na mesma zona.

“Além de demostrar um cruel desprezo pela vida humana, os atentados contra a população civil, como o daquela noite em Nyanya, não são legitímos e devem acabar imediatamente”, disse Susanna Flood, diretora de Midia da Anistia Internacional.

“Boko Haram e outros grupos armados devem renunciar a sua ilegítima campanha de violência contra a população civil. As autoridades da Nigéria, por sua parte, devem fazer mais para proteger os civis e colocar os autores de todos estes atentados nas mãos da justiça, mas é fundamental que o façam sem cometer mais violações de direitos humanos.”

Mais de 1.500 pessoas perderam a vida nos três primeiros meses de 2014 nos combates entre as forças de segurança nigerianas e os grupos armados islâmicos, que foram radicados, sobretudo no noroeste do país, mas que ocasionalmente cometem atentados na capital e em outros lugares. O último ocorrido na noite de dois de maio ocorreu dias antes da data do Fórum Econômico Mundial sobre a África em Abuja, que começa amanhã, dia 7 de maio.

Estudantes sequestradas

Este último atentado ocorreu também quando muitos nigerianos exigiam a libertação de mais de 200 alunas sequestradas em um assalto noturno cometido em 15 de abril por um grupo armado em Chibok, no noroeste da Nigéria. Ainda se desconhece a autoria da operação, mas grupos islâmicos, incluindo Boko Haram – nome cuja tradução é um apelo para proibir a educação “ocidental”– tem realizado sequestros similares em menor escala.

Na quarta-feira, centenas de pessoas – incluindo mães das alunas sequestradas– marcharam até o Parlamento, em Abuja, para entregar uma carta na qual exigiam uma atitude mais esforçada das autoridades da Nigéria para conseguir a libertação das meninas.

“A Anistia Internacional se solidariza com os nigerianos que pedem a libertação imediata e incondicional das alunas de Chibok e o fim dos sequestros de civis por grupos armados”, disse Susanna Flood.

“Os grupos armados que executam tais sequestros devem saber que estes atos são graves violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos, e a Anistia Internacional seguirá instando às autoridades da Nigéria garantias de que os responsáveis compareçam ante a justiça em julgamentos justos”.

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