Em funcionamento há pouco mais de três meses, o aplicativo e mapa colaborativo Fogo Cruzado já publicou mais de 1600 notificações relatando tiroteios e/ou disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A Anistia divulga hoje o terceiro relatório mensal do Fogo Cruzado, com a consolidação das informações recebidas ao longo do último mês

No total, foram registradas 505 notificações no mapa colaborativo no mês de setembro, apontando 112 vítimas fatais e 100 feridos, em 67 operações policiais. Todas as notificações enviadas por usuários são moderadas antes da postagem. Desde a disponibilização do app até hoje, foram registradas 1611 notificações no mapa colaborativo.

Além das notificações compartilhadas colaborativamente pelos usuários, o relatório mensal inclui ainda dados coletados via imprensa e canais da própria polícia, como os boletins diários publicados no site da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ).

Mais de 50 mil downloads gratuitos do aplicativo já foram feitos nas plataformas Android e iOS. As informações via Imprensa e Polícia Militar do Rio de Janeiro – compiladas e inseridas no mapa pela equipe do Fogo Cruzado – representam um total de 155 notificações e indicam 63 vítimas fatais, 89 feridos e 45 operações policiais.

Das 63 vítimas fatais deste mês, 56 eram civis e 7 policiais. No total, 505 notificações foram enviadas por usuários este mês; destas, 116 foram descartadas por serem repetidas, incompletas ou relatarem ocorrências em cidades fora da atual área de cobertura do aplicativo.

O aplicativo, que opera em modo piloto até o final deste ano, está sob constante atualização para corrigir falhas técnicas apontadas por usuários. Upgrades do Fogo Cruzado já foram disponibilizados nas lojas para download gratuito.

Áreas com maior incidência de tiroteios/disparos de arma de fogo

Avaliando os registros totais do mês, Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, foi especialmente atingida pela violência armada, figurando como a localidade que mais registrou tiroteios/disparos de arma de fogo no período: 27, com 13 vítimas fatais (4 deles, policiais) e 6 feridos (sendo 3, policiais).

Duque de Caxias, também na Baixada Fluminense, ocupou o segundo lugar junto com São Gonçalo e Complexo do Alemão; cada um teve 20 registros de tiroteios/disparos de arma de fogo. A Baixada já havia sido destaque do Relatório do mês de agosto. Em relação ao mês passado, quando houve 10 registros, Nova Iguaçu quase triplicou as notificações de violência armada. O município também é o campeão no número de vítimas fatais e feridos: no mês de setembro foram 17 vítimas fatais e 9 feridos, contra 6 vítimas fatais e 2 feridos em agosto.

Neste mês, houve grande incidência de tiroteios/disparos de arma de fogo em regiões “pacificadas”. De acordo com informações da imprensa e PMERJ, ao menos 18 regiões com Unidade de Polícia Pacificadora estiveram sob tiros no mínimo 29
vezes. Na primeira quinzena de setembro, uma guerra entre facções, que se estendeu por quatro dias, assustou moradores do Morro do Turano, no Rio Comprido, deixando 1 vítima fatal e 6 feridos.

As 18 comunidades com UPP que registraram tiroteios/disparos de arma de fogo no mês de setembro foram: Pavão Pavãozinho, Ladeira dos Tabajaras, Mangueira, Turano, Providência, Cidade de Deus, Complexo do Lins, Manguinhos, Salgueiro, Morro dos Macacos, São Carlos, Complexo da Penha, Morro da Formiga, Morro do São João, Vila Kennedy, Morro dos Cabritos, Borel, Complexo do Alemão. Só na semana entre 20 e 26 de setembro houve tiroteios em 13 áreas com “pacificadas”.

Nestas áreas, ao menos 8 pessoas morreram e 22 pessoas ficaram feridas, incluindo 4 policiais militares. A área que mais registrou vítimas foi o Complexo do Alemão: 3 mortos e 7 feridos, 4 deles, PMs. Em seguida vem o Turano (1 morto e 6 feridos); Vila
Kennedy e São Carlos (1 morto e 2 feridos, cada); Morro dos Macacos (3 feridos, 1 deles, PM), Manguinhos (2 mortos), e Morro do São João e Cidade de Deus (1 ferido, cada).

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