A Anistia Internacional lança nesta quarta-feira, 29 de maio, a partir das 9h, a ação “Derrube o Muro” no Largo da Carioca, Centro do Rio, para chamar atenção para as violações de direitos decorrentes das políticas migratórias implementadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Durante todo o dia, quem passar pela entrada do metrô da Carioca poderá interagir com um muro montado onde estarão sobrepostas informações sobre o tratamento dispensado por Trump a milhares de pessoas que fogem de seus países de origem em buscam segurança em território norte-americano. As medidas, que violam tanto as leis internacionais quanto as dos EUA, incluem separação e detenção de famílias, rejeições e retornos ilegais de pessoas em risco na fronteira e detenção arbitrária e indefinida.
Ao participar da ação, as pessoas serão convidadas a derrubar o muro de violações e conhecer as situações de vulnerabilidades enfrentadas por estas pessoas na fronteira dos EUA, como detenção arbitrária e separação de famílias. Além da ação física no Largo da Carioca, a Anistia Internacional lança, no mesmo dia, o site derrubeomuro.org.br, onde os internautas poderão conhecer mais sobre as violações de direitos, histórias de pessoas impactadas pelas mesmas e de pessoas beneficiadas pelo trabalho da organização, além de poderem enviar mensagens de solidariedade aos migrantes e refugiados.
“Desde a eleição do presidente Trump, ele tem afirmado publicamente que irá construir um muro ao longo da fronteira dos Estados Unidos com o México. Ao mesmo tempo, seu governo vem implementando um muro metafórico, tendo como base uma série de políticas de imigração que violam direitos e causam danos irreparáveis a milhares de pessoas em risco que buscam sobreviver em segurança nos Estados Unidos além dos discursos discriminatórios que incitam a população contra migrantes e refugiados. Quando a vida das pessoas, sobretudo de crianças, está em risco, é necessário que as autoridades não perguntem: de onde você veio? Mas assumam o dever de protege-las.”, pontua Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil.
De acordo com a legislação internacional, qualquer pessoa que chegue em território norte-americano ou pretenda entrar nos EUA para reivindicar asilo deve ter permissão para fazê-lo e ter seu caso ouvido pelas autoridades.
“A proibição da entrada de pessoas que buscam proteção e o retorno forçado destas pessoas aos locais perigosos de onde fugiram, além da separação de famílias e detenção de crianças são medidas cruéis, desumanas e que violam os direitos à segurança, à educação e à saúde. Por isso, convidamos as pessoas a interagirem com nosso muro, seja no Largo da Carioca, na próxima quarta-feira, seja no site derrubeomuro.org.br”, conclui Werneck.
Conheça algumas histórias
Suyapa, saiu de Honduras após ser ameaçada por membros de redes criminosas. Eles extorquiram seu pequeno negócio de alimentos, exigindo todos os seus ganhos semanais, e forçaram seu filho mais velho a se juntar ao grupo.
Gloria e sua filha, Devora, fugiram de Honduras depois que Gloria sofreu anos de abuso sexual do pai de Devora – que a violentou tão brutalmente que ela precisou passar por uma cirurgia ginecológica. Gloria e Devora foram separadas por 53 dias nos EUA antes de se reunirem atrás das grades em um centro de detenção em Dilley, Texas.
Alejandra, de 43 anos, é uma das centenas de pessoas detidas arbitrariamente por requer proteção e asilo nos EUA. Depois de sofrer anos de ameaças e ataques, por conta da sua identidade transgênero, Alejandra fugiu de El Salvador e pediu asilo nos Estados Unidos. Mas, em vez de ser acolhida e de ganhar uma chance de reconstruir sua vida em liberdade, o governo dos EUA a tem mantido detida desde o final de 2017, e negou seu pedido de liberdade condicional enquanto aguarda a decisão de um juiz de imigração em seu caso de asilo. A Anistia Internacional continua mobilizando para sua liberdade.
Sadat pediu asilo na fronteira EUA-México, depois de sofrer ataques homofóbicos em Gana e ter sua casa incendiada por um grupo de milícias de seu país. Depois de passar dois anos e meio detido no centro de detenção no Texas, e sofrendo várias tentativas de ser deportado à força para Gana, onde sua vida estava em perigo, ele finalmente foi colocado em liberdade condicional em 25 de julho de 2018.