Líderes globais falharam de maneira catastrófica com a humanidade ao deixar de proteger as pessoas mais afetadas pela crise climática. Em vez disso, agiram em prol dos combustíveis fósseis e de corporações poderosas. Essa é a conclusão da Anistia Internacional após o fim da conferência do clima, a COP26. Depois de duas semanas de negociações em Glasgow, na Escócia, a Secretária Geral da Anistia, Agnès Callamard, afirmou:

“A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática falhou em entregar um resultado que proteja o planeta ou as pessoas. Em vez disso, traiu os próprios alicerces sobre os quais as Nações Unidas foram construídas – uma promessa ao povo em primeiro lugar, e não aos países ou aos Estados. Ao longo das negociações, os líderes fizeram escolhas que ignoram, prejudicam ou barganham nossos direitos como seres humanos. Muitas vezes o dano colateral é o descarte das comunidades mais marginalizadas em todo o mundo.

“Ao longo das negociações, os líderes fizeram escolhas que ignoram, prejudicam ou barganham nossos direitos como seres humanos.”

Agnès Callamard complementa:

“O fato de não se comprometerem em manter o aumento da temperatura global em 1,5° C vai condenar mais de meio bilhão de pessoas, principalmente no sul global, à insuficiência de água, e mais centenas de milhões de pessoas a ondas de calor extremas. Apesar desse cenário desastroso, os países ricos não colocaram dinheiro para compensar as comunidades que sofreram perdas e danos pelas mudanças climáticas. Nem se comprometeram a fornecer financiamento climático aos países em desenvolvimento (sobretudo por doações). É uma decisão que ameaça os países mais pobres (menos equipados para lidar com a crise climática), que enfrentam níveis insustentáveis de dívida.

É profundamente decepcionante ver as muitas lacunas no acordo da COP26, que está mais alinhado com os interesses das empresas de combustíveis fósseis do que com os nossos direitos. O acordo falha em demandar a eliminação gradual de todos os combustíveis fósseis e seus subsídios. Estão demonstradas as faltas de ambição e de ousadia neste momento crítico. Além disso, o foco dos países ricos em compensação de carbono não implementa medidas adequadas de proteção ambiental e de direitos humanos. Ignoram a ameaça aos povos e comunidades indígenas, que correm o risco de serem despejados de suas terras na abertura de caminhos para esses esquemas. São substituições vazias e inaceitáveis para as reais metas de emissão zero.

“As decisões tomadas por nossos líderes em Glasgow têm graves consequências para toda a humanidade. Como eles se esqueceram claramente das pessoas a quem servem, as pessoas devem se unir para mostrar a eles o que pode ser alcançado. Nos próximos 12 meses, devemos nos unir para pedir aos nossos governos que tomem medidas ambiciosas em relação à mudança climática que coloque as pessoas e os direitos humanos em seu centro. Se não colocarmos nossos corações e mentes para resolver esta ameaça à existência da humanidade, perderemos tudo.”

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