As autoridades chinesas precisam parar os planos de despejar a força os moradores que ainda estão na aldeia de Ba Gou, nas cercanias de Pequim, afirmou a Anistia Internacional.

Suas casas serão demolidas para dar lugar a um prédio comercial, e entre os ameaçados está um ativista do direito à moradia e sua família.

“O governo local deve parar imediatamente todos os esforços para expulsar à força as pessoas de Ba Gou, e também proporcionar uma compensação adequada para as milhares de pessoas que já perderam suas casas na aldeia “, disse Catherine Baber, diretora da Anistia Internacional para a Ásia -Pacífico

Mais de 5.000 famílias foram expulsas desde 2003 da aldeia Ba Gou por meio de intimidação e ameaças de violência. Han Ying, destacada ativista contra os despejos e demolições, foi visada várias vezes pelas autoridades.

Ela disse à Anistia Internacional que, desde julho, Ba Gou vinha sendo visitada por homens não identificados com uniformes policiais e jagunços que ameaçaram demolir casas. A mãe idosa de Han Ying foi ferida em 16 de agosto, em um confronto com a polícia que tentara demolir os prédios.

“É um comportamento ultrajante das  autoridades chinesas, que procuram ameaçar, intimidar e expulsar os moradores sem o devido processo para abrir espaço para interesses comerciais”, disse Catherine Baber .

Depois de meses de perseguição por parte das autoridades e, apesar de um recurso contra a expulsão pendente em um tribunal de Pequim,  o governo local emitiu na semana passada uma ordem de despejo com prazo de cinco dias para as seis famílias restantes em Ba Gou saírem nesta sexta-feira (13). Dezenas de pessoas não identificadas, algumas com uniformes da polícia e com equipamento antimotim, se reuniram na aldeia ameaçando demolir as casas restantes.

As autoridades que querem desalojar os moradores de Ba Gou não ofereceram indenização adequada ou um lugar alternativo para morar. Embora o governo oferecesse alguma indenização às famílias que perderam suas casas, elas não seguem as normas estabelecidas na lei chinesa e foram rejeitadas pelos moradores como insuficiente.

“As expulsões forçadas são uma clara violação do direito internacional, e Han Yin, sua família e outros na aldeia ficarão desabrigados se este despejo seguir adiante como planejado. Ela e outros moradores de Gou Ba já foram perseguidos pelas autoridades por vários anos “, disse Baber .

A Anistia Internacional tem documentado o aumento dos despejos violentos na China, enquanto as autoridades locais procuram compensar dívidas enormes, aproveitando e vendendo terras em negócios suspeitos com incorporadoras imobiliárias.

Os governos locais têm tomado empréstimo de somas enormes de bancos estatais para financiar projetos comerciais e agora contam com a venda dos terrenos para cobrir os pagamentos. Eles costumam contratar capangas para amedrontar os moradores e forçá-los a abandonarem suas casas.

Isso resultou em mortes, espancamentos, assédio e prisão de moradores que foram obrigados a deixar suas casas em todo o país, tanto em áreas rurais quanto urbanas.