As autoridades chinesas intensificaram sua campanha de repressão contra advogados e ativistas de direitos humanos, usando acusações draconianas relacionadas a Segurança de Estado para deter ao menos três pessoas, afirmou a Anistia Internacional.
Os advogados Xie Yang e Sui Muqing e o ativista Gou Hongguo estão reclusos como suspeitos de “incitar a subversão do poder do Estado”, podendo ser condenados a até 15 anos de prisão.
“O uso de acusações relacionadas com a segurança do Estado é alarmante e sublinha a ferocidade do ataque contra advogados que defendem os direitos”, declarou William Nee, pesquisador da Anistia Internacional sobre a China.
“A magnitude e a severidade desta campanha de repressão carecem de precedentes. As autoridades parecem decididas a destruir a crescente rede de advogados e ativistas dos direitos humanos, e a propagar o medo entre os que estão dispostos a defender os direitos humanos.”
As medidas das autoridades suscitam o temor de que muitos dos 31 advogados e ativistas que continuam detidos ou com paradeiro desconhecido desde que começou a campanha de repressão na quinta-feira (16) possam enfrentar acusações semelhantes relacionadas com a segurança do Estado.
Quase 200 pessoas foram interrogadas ou detidas pela polícia durante a última semana na campanha de repressão de âmbito nacional.
Continua desconhecido o paradeiro de Xie Yang, Sui Muqing e Gou Hongguo, após as autoridades anunciarem que haviam sido colocados sob “vigilância domiciliar”. Em virtude de uma prática controvertida, a polícia pode deter estes homens em locais desconhecidos durante um período máximo de seis meses sem acesso a seus advogados e familiares. Os três correm grave risco de sofrer tortura e outros maus-tratos.
A esposa de Sui Muqing se negou a cumprir a exigência da polícia de escrever uma carta a seu marido dizendo a ele que admitisse seus “crimes”.
Campanha difamatória
A campanha de repressão está acompanhada de uma campanha difamatória nos meios de comunicação do Estado, que acusam os advogados e ativistas de fazer parte de uma operação criminosa para “socavar a estabilidade social”. O Diário do Povo, jornal do Partido Comunista, afirmou que para construir uma sociedade que use a lei para resolver os problemas, a polícia tem que “atuar com dureza contra os advogados ilegais com regalo à lei”.
O escritório de advogados Fengrui, com sede em Pequim, foi apontado como o centro de um “grupo criminoso”. Este escritório defendeu pessoas em casos de direitos humanos de grande repercussão, como o destacado intelectual uigur Ilham Tohti, que cumpre atualmente prisão perpétua, e as vítimas do escândalo do leite em pó adulterado de 2008.
“As autoridades estão demonstrando seu desprezo pelo Estado de direito e utilizando todas as táticas possíveis para tentar construir uma acusação contra o escritório de advogados Fengrui”, afirmou William Nee.
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