As autoridades do Catar devem revelar imediatamente o paradeiro e garantir a segurança dos dois ativistas dos direitos humanos britânicos que desapareceram no domingo e que, teme-se, estariam sendo mantidos no país em segredo e incomunicáveis, afirmou a Anistia Internacional.
O pesquisador Krishna Upadhyaya e o fotógrafo Ghimire Gundev, que estavam investigando as condições de trabalho dos imigrantes nepaleses no Catar, não foram vistos desde ocheck-out no hotel em 31 de agosto. Eles já haviam expressado medo a amigos e colegas por estarem sendo seguidos por policiais à paisana por conta dos seus trabalhos.
“O desaparecimento forçado de Krishna Upadhyaya e Ghimire Gundev é extremamente preocupante e o padrão de acontecimentos relatados pelos homens antes que eles desaparecessem indica que podem ter sido detidos por relação com seus trabalhos de direitos humanos”, disse Said Boumedouha, diretor-adjunto do Programa para o Oriente Médio e Norte da África da Anistia Internacional.
“As autoridades do Catar devem revelar urgentemente o destino e o paradeiro dos dois homens e dissipar os temores crescentes de que eles estão em risco de tortura ou outros maus-tratos.”
Krishna Upadhyaya, 52, e Ghimire Gundev, 36 – ambos cidadãos britânicos de origem nepalesa – estavam trabalhando no Catar desde 27 de agosto para a ONG sediada na Noruega, Rede Global de Direitos e Desenvolvimento (GNRD).
Em 30 de agosto, Krishna Upadhyaya mandou uma mensagem a um amigo na Noruega dizendo que a polícia do Catar estava seguindo e assediando os dois.
No dia seguinte, ele realizou o check-out de seu hotel, mas permaneceu na recepção por conta da presença significativa da polícia do Catar e pessoal à paisana. Ele mandou uma mensagem ao seu amigo dizendo que acreditava não ser seguro ir até o aeroporto pegar o seu voo para Oslo, Noruega.
Krishna Upadhyaya realizou o check-in de seu voo, mas a companhia aérea KLM confirmou à GNRD que ele não embarcou no avião.
Nem ele nem Ghimire Gundev fizeram contato com as suas famílias, amigos ou empregador desde então.
“Se as autoridades do Catar detiveram estes homens, elas devem revelar o motivo, onde e quais acusações estão sendo feitas contra eles. Ambos também devem ter acesso a advogados de sua escolha e serem protegidos contra a tortura e outros maus-tratos sob custódia”, disse Said Boumedouha.
“A menos que estes homens estejam sendo acusados de um crime reconhecido internacionalmente, detidos por um tribunal civil em audiência pública e levados prontamente a julgamento de forma justa, ambos devem ser libertados imediata e incondicionalmente.”
A Anistia Internacional enviou uma carta ao governo do Catar para obter informações sobre o paradeiro de Krishna Upadhyaya e Ghimire Gundev. A GNRD também entrou em contato com a Embaixada Britânica em Doha e o Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, entre outros.