A prisão de Samar Badawi, uma proeminente defensora dos direitos humanos, é o mais recente exemplo do total desprezo da Arábia Saudita para com suas obrigações de direitos humanos. Sua detenção constitui mais uma prova da intenção das autoridades de suprimir todos os sinais de dissidência pacífica.
De acordo com ativistas locais, Samar Badawi foi presa na manhã de 12 de janeiro em Jidá e transferida junto com sua filha Joud, de dois anos de idade, para uma delegacia de polícia. Depois de quatro horas de interrogatório, ela foi transferida para a prisão de Dhaban e deve comparecer perante um promotor amanhã. Acredita-se que ela tenha sido presa, pelo menos parcialmente, em conexão com seu suposto papel de administradora de uma conta de Twitter que fazia campanha pela libertação de seu ex-marido, o advogado de direitos humanos Waleed al-Khair Abu, que também está preso (foto ao lado).
“A prisão de Samar Badawi é mais um revés alarmante para os direitos humanos na Arábia Saudita e demonstra o extremo que as autoridades estão dispostas a ir em sua campanha implacável para perseguir e intimidar os defensores dos direitos humanos até que sejam silenciados em submissão”, disse Philip Luther, diretor do programa para o Oriente Médio e Norte da África da Anistia Internacional.
“Apenas algumas semanas depois da Arábia Saudita ter chocado o mundo ao executar 47 pessoas em um único dia, incluindo o clérigo xiita muçulmano Sheikh Nimr al-Nimr, ela demonstrou mais uma vez seu total desrespeito pelos direitos humanos. Samar Badawi foi presa puramente por exercer pacificamente seu direito à liberdade de expressão. Ela deve ser imediata e incondicionalmente libertada.”
Em dezembro de 2014, o Ministério do Interior emitiu uma proibição de viagem de Samar Badawi para impedi-la de viajar até Bruxelas para um evento de direitos humanos.
O ex-marido de Samar Badawi, Waleed al-Khair Abu, está cumprindo uma sentença de prisão de 15 anos, também por seu trabalho pela proteção e defendesa dos direitos humanos na Arábia Saudita. Centenas de milhares de ativistas da Anistia Internacional fizeram campanha por sua libertação em dezembro durante a maratona de cartas Escreva por Direitos 2015.
Samar também é a irmã do blogueiro Raif Badawi, que foi preso e condenado a 10 anos de prisão e 1.000 chibatadas por ter criado um fórum online para debate público. Ele recebeu as primeiras 50 chibatadas há pouco mais de um ano. Ambos são prisioneiros de consciência que devem ser imediata e incondicionalmente libertados.
Saiba mais
Samar Badawi: “A história exaltará aqueles que lutaram pela liberdade”
6 formas de ajudar Raif Badawi e outros ativistas de direitos humanos na Arábia Saudita AGORA
Arábia Saudita: um ano de repressão sangrenta desde a flagelação de Raif Badawi